GUERRA NA UCRÂNIA E GLOBALIZAÇÃO
A TORCIDA AGORA É PARA QUE VOLTE O BOM SENSO E SE RETOME UMA GLOBALIZAÇÃO POSITIVA PARA TODOS E PARA CADA UM.
O que ocorre com a globalização? A guerra na Ucrânia parece ter suscitado antigos temores e preocupações, e colocado em xeque o mundo pós-queda do muro de Berlim. Pela primeira vez voltou-se a falar em ameaça de bomba nuclear, e a diplomacia tem falhado nas negociações. A Europa está novamente em meio a pressões e tensões que não vivia desde a Segunda Guerra Mundial, e ainda não se sabe como e quando terminará o atual conflito. Recentemente a Finlândia anunciou que poderá se integrar à Otan, o que acirrou ainda mais os ânimos e as hostilizações contra a Rússia. Os esforços pela paz não têm surtido efeito. O Papa Francisco recentemente consagrou a Rússia e a Ucrânia, e no mundo todo orações e conversações diplomáticas têm sido feitas. Muitos questionam o papel da OTAN, pois que após a dissolução da União Soviética, esperava-se que a OTAN perderia protagonismo, por isso o mundo ficou surpreendido com a ação da OTAN e preocupado com os efeitos dessa ação, no contexto atual. Há risco de terceira guerra mundial? Ninguém sabe.
Giuseppe Savagone, no artigo “Uma guerra mundial e a crise da globalização“, destaca que “as dimensões planetárias assumidas pelo conflito na Ucrânia parecem destinadas a dividir o mundo de uma forma comparável apenas à Guerra Fria. De um lado, a Otan; de outro, não só a Rússia, mas também países como a China, a Índia, o Irã, o Brasil, muitos Estados africanos”. Essa nova configuração no cenário geopolítico traz componentes novos e preocupantes. “A contraposição destrói a unidade do planeta não só em nível político, mas também em nível econômico. As sanções estão desencadeando um efeito cascata, cuja extensão está começando a ser percebida. Desde o início deste século, sob a égide da Organização Mundial do Comércio, o mundo conheceu uma crescente interdependência entre as economias dos diversos países do continente, sem barreiras divisórias”. E acrescenta que ” O mais evidente, do qual se fala muito nestes dias a respeito das fontes de energia, é a dependência que se criou em relação a outros países. Precisamente porque a globalização colocava em segundo plano as divisões políticas e exaltava as vantagens econômicas da interdependência, ela criou situações paradoxais – como a do condicionamento da Alemanha e da Itália pela Rússia em relação ao fornecimento de gás – que eram impensáveis no século passado”. E conclui dizendo que “a guerra na Ucrânia, para além das suas proporções geográficas, políticas e militares de “conflito local”, está se revelando como uma “guerra mundial” dadas as suas consequências. Mesmo quando acabar, o mundo não será mais o de antes”.
Precisamos estar atentos a tudo isso e refletir sobre o cenário que está posto, buscando a compreensão dos acontecimentos, mas sem perder a esperança de que é possível aprendermos novas lições. O fato é que há muitos desafios diante de nós, que requer um conhecimento mais abrangente e uma atenção mais redobrada, para que saibamos discernir o que ocorre ‘a nossa volta. E também rezar para que os líderes do mundo coloquem o que temos de ricas possibilidades em favor das pessoas, e não contra a população, principalmente civil, que é a que mais está sofrendo com tudo isso. A guerra é uma realidade inaceitável no século 21. Temos que encontrar melhores meios de solução de conflitos. Este seja talvez o maior desafio agora. Esperamos que a guerra da Ucrânia cesse o quanto antes, que a razão e o bom senso prevaleçam e que possamos repensar a globalização, e dar prioridade às pessoas e à vida de cada um. Queremos paz!
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.