O DEBATE NECESSÁRIO SOBRE TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
É PRIMORDIAL QUE METODOLOGIAS E COMPOSIÇÕES CURRICULARES PASSEM PELOS ÓRGÃOS MINISTERIAIS DA EDUCAÇÃO TAIS COMO CNE E DEPARTAMENTOS TÉCNICOS.
Uma das medidas do atual governo que suscitou questionamentos, foi em relação aos vetos de aulas de programação e robótica na grade escolar. Foram três vetos na Política Nacional de Educação Digital, alterando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação para que a educação digital seja um dever do Estado. O veto às aulas de programação e robótica foi justificado por divergências burocráticas nas regras já existentes, porque a inclusão das aulas de programação e robótica deveriam passar pela aprovação do Ministério da Educação e Conselho Nacional de Educação. Isso quer dizer que deveria haver um debate mais aprofundado de como seria feita essa inclusão. Nesse sentido seria importante promover audiências públicas e seminários temáticos com especialistas para um diagnóstico mais preciso da situação e propostas de como viabilizar, na prática, o uso das tecnologias nas diversas atividades da Educação.
O debate é necessário justamente pelas implicações na vida de cada estudante em sala de aula. O próprio conceito de comunicação vem se ampliando, em meio a tantas inovações tecnológicas, pois o processo ensino-aprendizagem não se trata apenas de obtenção de informação, mas de conhecimento que amadurece a cada dia, na interação com o outro, aberto aos múltiplos aspectos da realidade. por isso é preciso que haja um equilíbrio entre a dimensão humana e técnica. A Editora Paulus fez uma publicação na Revista de Comunicação da FAPCOM (volume 1, nº 1, 1º semestre de 2017), com uma abordagem abrangente do tema: “O Humano e a Técnica: a questão da comunicação”. Outro aspecto nesse debate, levantado pelo pesquisador Leonardo Cruz, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e membro da Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits), é a de que “a dependência crescente dos serviços públicos em relação a empresas como a Google é motivo de alerta, uma vez que ainda há muito pouca transparência sobre o que é feito dos dados educacionais obtidos de milhões de estudantes, professores e gestores a partir do uso de ferramentas desenvolvidas pelas empresas”. E acrescenta que “a apropriação privada de uma quantidade enorme de dados digitais produzidos pelos serviços públicos brasileiros e seu armazenamento em data centers localizados nos Estados Unidos — cujas leis que regulamentam o acesso a esses dados são mais flexíveis e não têm sido capazes de conter vazamentos frequentes — levanta dilemas políticos que precisam ser encarados com urgência”.
Todos estes temas bastante complexos são importantes para alargar o debate e permitir decisões mais acertadas nesse campo, especialmente pelos efeitos, no dia-a-dia, para alunos, professores e profissionais da Educação. Por isso é importante estarmos abertos à reflexão, na escuta de especialistas, a partir de experiências concretas, para que a tecnologia seja auxiliar dial nas atividades educacionais, sem comprometer o sentido e o valor humano no processo educacional.