POR UMA GESTÃO NO MEC MENOS IDEOLOGIZADA
Com a saída do ministro Abraham Weintraub do Ministério da Educação, voltamos à interrogação quanto ao novo nomeado e ao tom que dará na gestão desta importante pasta para a vida nacional. O fato é que prevaleceu com os dois últimos ministros Ricardo Vélez Rodríguez e Weintraub a orientação ideológica, com influência olavista, e talvez tenha sido isso que fez com que houvesse tantos problemas. Isso porque houve não apenas uma prioridade de direcionamento ideológico das ações, mas também uma espécie de obsessão reducionista, com generalizações sem o discernimento que se faz necessário. Para o setor olavista do governo, quase todo o Ministério da Educação foi ocupado por esquerdistas e comunistas, aparelhando os departamentos internos do Ministério, e é preciso enfrentá-los. Daí a postura de confrontação assumida desde o primeiro dia. Com isso, a parte técnica e mesmo de gestão, foi posta de lado. Daí os ruídos constantes e os conflitos crescentes. Deveria haver, nesse sentido, uma avaliação maior de conjunto, um discernimento que permitisse distinguir o que realmente precisa ser feito, com o senso da realidade. Se faz necessária uma análise mais cuidadosa de cada setor, com reuniões técnicas, workshops e fóruns que permitam apreender a situação, fazer as correções pontuais e buscar as melhorias que precisam ser feitas. Ao contrário do que se pensa, o MEC possui uma equipe técnica altamente qualificada, especialmente os servidores efetivos, prontos para colaborar no sentido de tornar factíveis as iniciativas propostas do governo federal, na área educacional. A confrontação com tais servidores em nada contribuiu para os ajustes que se busca fazer.
Esperamos que o novo Ministro da Educação seja menos obcecado com a questão ideológica e capaz de apresentar um plano de ação eficaz, que contribua para solucionar os problemas concretos do dia-a-dia, buscando, no ensino básico, melhorar a formação dos professores, com condições mais adequadas de trabalho, oferecendo melhor infra-estrutura tecnológica e principalmente voltada para o ensino a distância que se tornou imperativo como nova forma de ensino-aprendizado. Tudo isso requer do novo Ministro capacidade de diálogo, em convergência com aqueles que realmente querem trabalhar pelo bem do Brasil.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.
