Ele devia ressuscitar dos mortos
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
Domingo da Ressurreição. É o dia santo mais importante do cristianismo. Depois de morrer crucificado, o corpo de Jesus foi sepultado, ali permaneceu até a ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. Do hebreu “Peseach”, Páscoa significa a passagem da escravidão para a liberdade. A presença de Jesus ressuscitado não é uma alucinação dos Apóstolos. Quando dizemos “Cristo vive” não estamos usando um modo de falar, como pensam alguns, para dizer que vive somente em nossa lembrança.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos dá os principais fundamentos da fé cristã na ressurreição, conteúdo da Páscoa de Jesus Cristo. O Credo cristão – profissão da nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e na sua ação criadora, salvadora e santificadora – culmina na proclamação da ressurreição dos mortos no fim dos tempos, e na vida eterna.
Nós cremos e esperamos firmemente que, tal como Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também os justos, depois da morte, viverão para sempre com Cristo ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último dia.
Crer na ressurreição dos mortos foi, desde o princípio, um elemento essencial da fé cristã. “A ressurreição dos mortos é a fé dos cristãos: é por crer nela que somos cristãos”.
Voltemos ao Apóstolo das Gentes: “Como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou.
Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé. […] Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram” (1Coríntios 15,12-14.20) – (cf. CIC nn 988-991).
A pedagogia da ressurreição
A ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus ao seu povo. A esperança na ressurreição corporal dos mortos impôs-se como consequência intrínseca da fé num Deus criador do homem todo, alma e corpo. O Criador do céu e da terra é também Aquele que mantém fielmente a sua aliança com Abraão e a sua descendência. É nesta dupla perspectiva que começará a exprimir-se a fé na ressurreição. Nas suas provações, os mártires Macabeus confessam: “O Rei do universo ressuscitar-nos-á para uma vida eterna, a nós que morremos pelas suas leis. É preferível morrermos às mãos dos homens e termos a esperança em Deus de que havemos de ser ressuscitados por Ele” (2 Macabeus 7,9.14) – (cf. CIC
n. 992).
Os fariseus e muitos contemporâneos do Senhor esperavam a ressurreição. Jesus ensina-a firmemente. E aos saduceus, que a negavam, responde: “Não andareis vós enganados, ignorando as Escrituras e o poder de Deus?” (Marcos 12,24). A fé na ressurreição assenta na fé em Deus, que “não é um Deus de mortos, mas de vivos” (Marcos 12,27). Mas há mais: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: “Eu sou a Ressurreição e a Vida” (João 11,25).
É o próprio Jesus que, no último dia, há de ressuscitar os que n’Ele tiverem acreditado, comido o seu Corpo e bebido o seu Sangue. Desde logo, Ele dá um sinal disto mesmo, e uma garantia, restituindo a vida a alguns mortos e preanunciando assim a sua própria ressurreição que, no entanto, será de ordem diferente. Jesus fala deste acontecimento
único como do “sinal de Jonas”, do sinal do templo; Ele anuncia a sua ressurreição ao terceiro dia depois da morte (cf. CIC nn. 993-994).
Somos testemunhas qualificadas da Ressurreição de Jesus
Ser testemunha de Cristo é ser testemunha da sua ressurreição” (Atos 1.22). A esperança cristã na ressurreição é toda marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado.
Nós ressuscitaremos como Ele, com Ele e por Ele (cf. CIC n. 995). Com Maria Madalena, renovemos, pois, nesta Páscoa nossa fé na ressurreição e na vida eterna.
Feliz e Santa Páscoa!