NAS PROFUNDEZAS DO MEU SER
(Joceane Priamo)
O vento sobra ao som do violino.
Na harmonia deste horizonte divino,
Meu corpo suave, levemente, flutua.
Sinto o ar que sobe e desce, em meu pulmão,
Vejo as águas que correm quase nuas
E tocam a verde relva deste chão.
A luz é perfeita, ilumina o dia,
Mergulho em mim mesma,
Na profundeza da minha ousadia.
Sob este céu estrelado,
À sombra da escuridão,
Por Narciso vivo admirada.
Aquele que não o conhece,
Jamais verá um coração apedrejado.
O aflito que vive apavorado,
Emoldura um paredão rochedo.
Disfarçada, contemplo com ledo!
Na calmaria do misterioso segredo,
Vivem os sonhos, anseios e medos.
Na companhia do gigante universo,
Perdida, esqueço-me quem sou.
Não sei se é real este mundo
Ou se vivo num sonho profundo.
Assim como as ondas que dançam,
Memórias também entrelaçam.
Nas profundezas do meu ser,
Fico confusa e também encantada.
As devas me acolhem, me abraçam,
Pela beleza abissal, fico enamorada.
Encontro a plenitude enfim,
Acolho o pior e o melhor de meu ser,
Mergulho dentro de mim.
Poucos sabem o que vão encontrar,
Muitos têm medo de retornar.
Assim como o sol que se esconde atrás da montanha,
Sempre ressurge a luz e ilumina a entranha.
É nos atos da majestosa mãe natureza
Que vemos os perigos e as suas belezas.
As dúvidas se infiltram no espaço e surgem para confundir.
Tudo faz parte da vida terrena,
Basta viver e se descobrir.
.