O MAIOR INVENTOR DO MUNDO
Por Otávio Sedor
Talvez alguns se lembrem: há muitos anos dizíamos que um dia o mundo seria mais ou menos como o desenho animado “Os Jetsons”. Carros voadores, futurismo, muita tecnologia por todos os lados. Como quase tudo na vida, podemos dizer que isso realmente aconteceu, mas de um jeito diferente – e que nos surpreendeu ainda mais.
O mundo virou menos “Jetsons” e mais “Black Mirror” – entendedores de séries entenderão. Carros voadores viraram besteira de segundo plano. Robôs, só se forem aqueles que limpam o chão. Porque o verdadeiro “robô” nem existe fisicamente, apenas e literalmente como uma inteligência artificial. Mas o que assusta mesmo, além da AI que vai tomando assento no lugar de muitos humanos (ou pelo menos tentando), é o poder de influência das redes sociais sobre as pessoas. Essa é a hora de parar para pensar.
Há alguns dias me peguei refletindo sobre tudo que, por exemplo, o Instagram inventou – ou nele foi inventado. Pergunta sincera: será que já existiam os chás revelação de bebês, com aquela fumaça azul ou rosa, antes da era do Instagram? As famosas “trends”, os velhos clichês, as obrigações inconscientes de tudo isso fazer parte da nossa vida. Será que o sol foi substituído por um logotipo de rede social e agora giramos em torno disso?
Talvez a imagem mais simbólica para representar essa nova era, onde tudo acontece de dentro (das telas) para fora, sejam aquelas aberturas dos grandes shows, onde a única visão que alcançamos é o brilho das telas dos smartphones subindo mais ao alto para gravar o momento – que, na verdade, acaba sendo assistido só por ali mesmo.
No fim das contas, o maior medo da tecnologia é que ela nos domine. Assim como nos episódios de Black Mirror, estamos fazendo tudo pensando nas redes e nos esquecendo de que quem está vivo somos nós. E jamais existirá alguma tecnologia humana suficiente para suprir a nossa essência. Por isso, vale lembrar para não esquecer: a ideia era ela nos servir, não nos escravizar. Acho que algo deu errado no meio do caminho. Que isso possa ser mais uma reflexão para que 2025 seja um ano ainda melhor para todos nós. Afinal, o futuro é feito de vida.