Amor petrificado
(Cláudio Loes)
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Na noite meiga e escura
Seu dedo sensualmente despido
Convidava para sonhar além
Sentir de perto o coração arder
O espaço pequeno e apertado
Sem ser nada acolhedor
Bastaria para aqueles dois
Fazerem ali sua jura de amor
Era preciso ser rápido
Porque os destemidos viriam logo
Queriam colher o fruto precioso
Levar a recompensa sem merecer
Mal sabiam todos que ali
Morava um curandeiro centenário
Deu um salto sem pestanejar
Ao ouvir a batida dos cascos
Ficou entre os apaixonados
E a tropa de ignorantes bem vestidos
Todos partiram enlouquecidos
Quando ele se transformou em serpente
Só os dois ficaram como estátuas
A serpente picou um, depois o outro
Eles se olharam, vivos, uma última vez
Estava consumada a união para todo o sempre
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