O Jubileu da Esperança
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
2025 o Ano Jubilar de Nosso Senhor Jesus Cristo. Uma das catequeses do bispo italiano Dom Rino Fisichella, Pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, que esteve no Rio de Janeiro, no início de 2025, falando aos bispos do Brasil, participantes de um Curso de Formação Continuada ao episcopado brasileiro.
Jubileu é uma grande oportunidade pastoral que não podemos perder. A nossa pastoral, muitas vezes, parece cansada, repetitiva das mesmas coisas, e nós próprios permanecemos com as nossas perplexidades. O Jubileu reaparece a cada vinte e cinco anos para ajudar a Igreja e os crentes a redescobrir algo de importante sobre a sua própria fé. Este Jubileu é caracterizado pela esperança. Existem dois aspetos que merecem ser apresentados: precisamos voltar com força e convicção a esta virtude teologal. Falamos sempre da fé e da caridade, mas descuramos a esperança. Este desequilíbrio, como veremos em breve, reflete-se também na vida de fé.
O segundo aspecto é a dimensão da evangelização que o tema da esperança traz consigo. Como escreve o Papa Francisco na Bula: “Todos esperam. No coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expectativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã. Porém, esta imprevisibilidade do futuro faz surgir sentimentos por vezes contrapostos: desde a confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida. Muitas vezes encontramos pessoas desanimadas que olham, com ceticismo e pessimismo, para o futuro como se nada lhes pudesse proporcionar felicidade. Que o Jubileu seja, para todos, ocasião de reanimar a esperança” (n.º 1). A esperança pode ser o novo nome com o qual falar aos homens do nosso tempo, num momento de crise de fé.
Peregrinos de esperança
Em dois termos está condensado um programa de anúncio e testemunho que os cristãos são chamados a fazer seu por ocasião do Ano Santo. Serão eles capazes disso? Também aqui, a pergunta não é retórica. Perguntar se os cristãos sabem o que é a esperança e como vivê-la é uma questão não só legítima, mas necessária no atual contexto de profunda crise religiosa. Prossigamos com ordem. O tema da esperança é de tal forma vasto que requer necessariamente uma síntese para se conseguir, pelo menos, uma visão de conjunto, sem ceder à tentação de se dispersar em caminhos secundários.
Por quê a esperança?
Vivemos num contexto cultural e social que permite verificar uma situação paradoxal. O progresso científico e a tecnologia enchem de esperanças os nossos discursos quotidianos. Podemos afirmar tranquilamente que a mentalidade científica diminuiu em grande medida a necessidade da esperança. A tecnologia produz instrumentos que nos habituam a ficar presos ao presente; não tem problema em fornecer respostas imediatas que afastam a espera e tornam todo o desejo ineficaz. A expectativa de uma solução positiva fornecida, por exemplo, pela medicina, entra com pretensiosa valentia nos nossos pensamentos, iludindo-nos de que a solução foi encontrada. As esperanças que quotidianamente temos, infelizmente, podem facilmente deparar-se com a desilusão, porque muitas vezes se desfazem perante a impossibilidade de se realizarem, perdendo o significado e a força que nelas foram colocados. Hoje estamos habituados a querer tudo e tudo agora, num mundo onde a pressa se tornou uma constante. Apercebemo-nos de que já não temos tempo para nos encontrarmos e, muitas vezes, até nas famílias se torna difícil reunir e conversar com calma… Manter viva a esperança, portanto, não é apenas a missão que os cristãos receberam do Senhor quando os enviou a anunciar o seu Evangelho em todas as partes do mundo. Hoje torna-se para nós sobretudo uma responsabilidade, porque na decadência que se experimenta nos vários setores da existência pessoal e social, é urgente e necessário que se levantem as vozes daqueles que levam uma palavra e um sinal de esperança.