Cão raivoso
Cláudio Loes
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Um cão raivoso rondava pelas cercanias. Todos passaram a ter medo. Alguns nunca o tinham visto, mas só de ouvir falar já gaguejavam.
O guarda ficava atento ao menor ruído. De nada adiantava, porque estava escuro. O ladrão, por sua vez, não ousava passar perto, claro, por causa do cão raivoso e mequetrefe.
Com o tempo, todos foram se acostumando. Passaram a deixar comida para o animal. Ele aparecia e comia do bom e do melhor, saciando até os desejos mais obscuros.
Todo o lugar passou a respeitar o cão raivoso. E ele, cada vez mais, assustava com suas canetadas. Porém, sempre há um porém, numa noite fatídica, o coração explodiu em devaneios.
O cão raivoso rodopiou na sala imunda. Estava só, sem ninguém, sem nada. Gordo de dar dó, virou-se para todos os lados. A dor fúnebre caiu sobre o lado esquerdo.
Ninguém acreditou na notícia de sua morte. Os protegidos ficaram pálidos. Sua morte era o fim de uma era; a era de um cão de rua raivoso.
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Cláudio Loes nasceu em 1959, em Blumenau/SC, reside, atualmente, em Francisco Beltrão/PR. É filósofo, engenheiro elétrico, especialista em Educação Ambiental, escritor, poeta e articulista. É Associado da União Brasileira de Trovadores, UBT-Nacional; Associado do Centro de Letras do Paraná; é Associado Correspondente da Academia Paranaense da Poesia; é Membro do Centro de Letras de Francisco Beltrão. Publicações pela Amazon: Sete Ventos, 2018; Sonho, 2018; Informações básicas para fazer compostagem, 2018. Publicações impressas: Sonho, 2018; Poesia Primeira, 2022. Participou das coletâneas: Tudo em Versos, 2018; Trincas que me Trincam, 2020; Conexão VI – Antologia Feira do Poeta, 2021; aldraVIAS curitibanas, 2022. Publicou na Trovas e Trovadores: Revista Digital, União Brasileira de Trovadores, 2023; Pratas da Casa, 2023. Editor da coluna Hemera, no Jornal Opinião; colunista na Via Poiesis, Jornal Folha do Sudoeste; colunista na Revista Educação Ambiental em Ação.