Sete vezes por dia te louvo!
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
“Salmo” é uma palavra que vem do grego e significa “oração cantada e acompanhada de instrumentos musicais”, em especial pela harpa. O versículo 164 do salmo 119/118, da Bíblia do Peregrino, proclama que o fiel “sete vezes por dia te louvo por teus justos mandamentos”. A declaração do versículo, inspirou práticas de oração: sete vezes ao dia, sobretudo, ao ritmo biológico, um ritmo espiritual e devocional. Distribuir os tempos da louvação ao longo de 24 horas é um princípio sábio. O louvor aos poucos se torna uma bela experiência de rotina.
Quão importante são as horas do repouso, do trabalho, do tempo para umas 4 ou 5 ocasiões para as refeições, e o tempo para o louvor e na proposta do salmista, sete vezes por dia. Dar ritmo às jornadas é uma questão de prioridade. Priorizar significa dizer que o que estou fazendo neste momento tem grande importância. É minha opção fundamental. É um direito que me assiste dar ritmo às atividades, inclusive, um tempo oportuno para rezar, pois, não posso passar pela vida improvisando. Improvisar sempre é uma chatice. Pode ocorrer nalgumas situações que tenho que improvisar. Mas, sempre, tenha santa paciência!
O saltério se apresenta como uma coleção de cento e cinquenta salmos. Os hebreus deram à inteira coleção o título de “sefer tehilim” (livro de louvores), privilegiando o hino ou louvor, embora as súplicas sejam mais numerosas. Globalmente foram atribuídos a Davi, em grande parte. E, e por causa dos salmos, a tradição cristã grega confere a Davi o título de “o Profeta”. A indicação “de Davi”, no início de muitos salmos, é mais uma dedicatória do que propriamente autoria. Depois do exílio, o rei Davi tornou-se a expressão preferida da esperança do povo de Israel. Ele é visto como rei ideal a ser imitado. O próprio messias seria como Davi para restabelecer a esperança do povo, comenta o Pe. Nilo Luza.
Um fato comum dos salmos, sem entrar na classificação do gênero literário, autor, circunstâncias, ambientes e razões para tais conteúdos, expressões e outras centenas de nuances particulares dentro da literatura bíblica, é que eles são oração. Foram compostos para ser rezados. Para rezar sinceramente, é preciso apropriar-se do salmo. Ou seja, de seus sentimentos e de sua expressão. Às vezes sentimentos alheios, por compaixão, por experiência vicária: por exemplo, o Salmo 88, o salmo de um moribundo. A expressão inteiramente linguagem concreta, rica, simbólica.
Liturgia das horas: consagração do tempo
A Igreja celebra a Liturgia das Horas no decorrer do dia, conforme antiga tradição. Assim, ela cumpre o mandato do Senhor de orar sem cessar e, ao mesmo tempo, canta louvores a Deus Pai e interpela pela salvação do mundo. O cântico de louvor, – os Salmos – que ressoa eternamente nas moradas celestes, e que Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, introduziu nesta terra de exilio, foi sempre repetido pela Igreja, durante tantos séculos, constante e fielmente, na maravilha variedade de suas formas e suas horas próprias. A finalidade da Liturgia das Horas é a santificação do dia e de toda a atividade humana. Ela estende pelas diversas horas do dia os louvores e ações de graça, como também a memória dos mistérios da salvação, as petições e aquele antegozo da glória celeste, contidos no mistério eucarístico, “centro e ápice de toda a vida da comunidade cristã”, conforme decreto conciliar.
Portanto, não somente quando se lê “tudo que outrora foi escrito para nossa instrução” (Romanos 15,4), mas também quando a Igreja ora ou canta, alimenta-se a fé dos participantes, e seus pensamentos se dirigem a Deus, para lhe prestarem um culto espiritual e receberem copiosamente sua graça. Salmodiar é uma graça diária. Louvar a Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo é o nosso dever diariamente. E, quantas vezes ao dia, caro eleitor, você consegue elevar sua súplica a Deus? Tem tirado tempo para a louvação, à gratidão e ao reconhecimento da bondade de Deus na sua vida, de sua família e na sua comunidade de fé?