Por um presságio ambíguo
(Claudemir M Moreira)
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Quando as feras batem os dentes
Os únicos olhos que vejo são os seus
A morte pode parecer ameaçadora
Mas faz dos versos, melhores presentes
Em frente a essa dor
Vejo festas e desfiles
Paranoia de um futuro pior
Sangue, fogo e calor
O seu veneno cruel
Uma imagem tão nítida
Marcas no espelho
Palavras e palavras no papel
Vejo razão em frases frias
Prisioneiras em um livro sem fim
Imagens desfocadas, distorcidas
Miragens, furor e calmarias
Não há sangue de ninguém
Pássaros que voam sem destino
Árvores de galhos retorcidos
De sua alma faz refém
Verbetes sujos em noite desvairada
Perco a vontade de seus beijos
Morde a língua quem sempre mente
Tropeços levam ao fim da escada
Riscos, medos, vícios
Soltem os cães enfurecidos
Segredos, flertes, ritos
Um altar de sacrifícios
A fúria
A Lua
Um dia de sol amarelo
O escárnio da penúria
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CLAUDEMIR MACHADO MOREIRA nasceu em São João de Meriti/RJ, em 11/11/1969. É médico veterinário, colunista do Jornal Folha do Sudoeste e autor do blog Entre Sangue e Farpas. Foi cartunista do jornal local “O Sudoeste” e do periódico interno da empresa Sadia, unidade de Francisco Beltrão. Criador e coordenador do projeto sociocultural Arte & Cultura, membro fundador da ASCAFB – Associação de Colecionadores de Antiguidades de Fco Beltrão/PR e membro da ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental do Sudoeste-PR. É um pensador inconformado e membro do Centro de Letras de Francisco Beltrão.
