Brasil registra primeiro caso de Gripe K
Virus é variante do influenza A já conhecido. Tomaz Silva/Agência Brasil)
A identificação no Brasil de um novo subtipo do vírus influenza A (H3N2), conhecido como variante K, não é motivo de preocupação neste momento, segundo avaliação de especialistas em imunização e vigilância epidemiológica.
A análise é do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, que reforça que a circulação de novas variantes faz parte da dinâmica natural do vírus da gripe.

De acordo com o especialista, ainda é prematuro fazer qualquer previsão sobre impacto, gravidade ou predominância da variante na próxima temporada de influenza. Segundo ele, não há elementos científicos suficientes para indicar que a variante K será dominante ou mais agressiva.
Circulação de variantes faz parte do comportamento do vírus
Renato Kfouri explica que o vírus influenza sofre mutações frequentes, o que resulta no surgimento de novas variantes todos os anos. Esse comportamento é esperado e explica, inclusive, a necessidade de vacinação anual contra a gripe, com atualização das cepas incluídas nos imunizantes.
“Não se sabe se essa vai ser a variante circulante e predominante. A temporada no Hemisfério Norte está começando agora. Ainda nem sabemos se será uma temporada de H3N2 ou se outro subtipo, como o H1N1, será predominante. Qualquer projeção neste momento é teórica”, afirmou Kfouri.
OMS monitora aumento da variante K no Hemisfério Norte
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nota informativa alertando para o crescimento rápido da circulação da variante K do influenza A no Hemisfério Norte, especialmente em regiões da Europa, América do Norte e Leste Asiático.
Na Europa, a atividade da influenza começou mais cedo do que o habitual, e a variante K respondeu por quase metade dos casos registrados entre maio e novembro de 2025. Apesar do aumento de circulação, não foram observadas mudanças significativas na gravidade clínica, como aumento de internações, admissões em unidades de terapia intensiva ou óbitos.
Caso identificado no Brasil é importado
O Ministério da Saúde informou, nesta semana, a identificação do primeiro caso da variante K no Brasil, registrado no estado do Pará. O dado consta no mais recente boletim epidemiológico divulgado pela pasta.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detalhou que a amostra foi coletada em Belém (PA), no dia 26 de novembro, e inicialmente analisada pelo Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen-PA). Após a confirmação de influenza A (H3N2), o material foi encaminhado ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), onde passou por sequenciamento genético, confirmando o subclado K.
O caso envolve uma mulher adulta, estrangeira, oriunda das ilhas Fiji, e foi classificado como caso importado. Até o momento, não há evidências de transmissão local da variante no território brasileiro.
Vacinação segue sendo principal forma de proteção
Para os especialistas, a vacinação contra a gripe continua sendo a principal estratégia de prevenção, inclusive diante do surgimento de novas variantes. Kfouri ressalta que, mesmo quando há alguma distância genética entre a vacina e o vírus em circulação, a proteção se mantém, especialmente contra formas graves da doença.
“A efetividade da vacina pode variar de um ano para outro, mas ela nunca se perde completamente. Sempre há proteção, principalmente contra hospitalizações e mortes”, explicou.
A Fiocruz reforça que a composição da vacina contra influenza recomendada pela OMS foi atualizada em setembro, contemplando cepas mais próximas das variantes atualmente em circulação, incluindo o subclado K.
“A composição da vacina recomendada pela Organização Mundial da Saúde foi atualizada para o próximo ano, com cepas mais próximas dos clados em circulação, incluindo o subclado K”, afirmou Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios do IOC/Fiocruz.
Recomendações de prevenção e vigilância
Além da vacinação, os especialistas recomendam higienização frequente das mãos, evitar contato próximo em caso de sintomas respiratórios, uso de máscara quando necessário e busca por atendimento médico, especialmente em situações de febre persistente.
Para os serviços de saúde, a principal orientação é manter o fortalecimento contínuo da vigilância epidemiológica, laboratorial e genômica, permitindo o monitoramento precoce de novas variantes e a adoção de medidas adequadas de controle.

