Beltrão

Comissão especial de deputados estaduais notifica municípios que teriam vacinado “pessoas mortas”

ALEP

Os deputados que integram a Comissão Especial que apura possíveis irregularidades na vacinação contra a Covid-19 estão notificando dezenas de cidades do Paraná para que apresentem as justificativas para os casos da aplicação de vacinas com a utilização de CPF de pessoas mortas, conforme denúncias recebidas e também apresentadas no relatório do Ministério Público enviado à Comissão.

São 99 casos em 39 cidades, sendo que alguns os deputados já receberam as explicações dos municípios, como o caso de Paranaguá, que recebeu uma visita dos parlamentares, e foi declarado que ocorreram erros de digitação.“Esses casos dos mortos são emblemáticos pela fraude, mas há várias outras situações chegando a quase mil denúncias de pessoas que se vacinaram fora do Plano Nacional de Imunização”, afirmou o deputado Fernando Francischini (PSL), presidente da Comissão.

O grupo de trabalho também esteve em outras cidades do Paraná, como Rio Branco do Sul, Apucarana, Umuarama, Lapa, São José dos Pinhais e Araucária.A Comissão Especial da Assembleia Legislativa é composta, além do deputado Fernando Francischini, pelos deputados: Hussein Bakri (PSD), Delegado Jacovós (PL), Arilson Chiorato (PT), Tiago Amaral (PSB) e Michele Caputo (PSDB).

Traiano pede cautela
Durante a sessão plenária os deputados repercutiram esses casos e pediram cautela na divulgação dos possíveis casos. O presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), disse que é preciso ter cautela nessas apurações para não publicar nomes de cidades e de gestores públicos em casos que depois pode ser verificado que não foi cometido nenhum ato ilícito.

“O fato que me preocupa é a exposição do prefeito e do município. A gente sabe que eles estão fazendo o possível e o impossível para superar esse momento de crise e às vezes uma notícia publicada como se fosse atitude da administração pode comprometer a imagem do gestor e do município. Faço um apelo, com respeito ao trabalho que a Comissão vem fazendo, para que tomemos essa cautela. Senão a imagem do próprio Parlamento fica ruim porque as vezes não procede a informação. Coisas negativas nesse período acontecem de toda ordem e temos que ter cuidado para não envolver o nome do gestor”.

O deputado Delegado Jacovós (PL), vice-presidente da Comissão Especial, disse que há mais de 15 dias a Comissão estava de posse da relação das 39 cidades e tomou a precaução de não divulgar nomes de gestores e nem cidades. “Só que chegou num ponto que a imprensa acaba descobrindo. Não é porque em determinada cidade foi lá um estelionatário e tomou a vacina no lugar de outros que a administração da cidade está envolvida em alguma coisa’, disse. “Não é porque se divulgou o nome da cidade que alguém ligado à administração estaria envolvido em algo. Ninguém está fazendo ilação envolvendo nome de nenhum administrador”, completou.

Para o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), primeiro secretário da Assembleia, a cautela e os cuidados na divulgação de dados devem predominar. “Tem prefeitos reclamando que foi divulgado material da Comissão com a lista das cidades que teriam vacinados pessoas mortas. Cada situação tem uma questão pontual, como homônimo, estava errado o cartão do SUS, tem de tudo”, elencou. “Cada cidade tem a oposição que ‘printa’ aquilo e coloca nas redes sociais e transforma o secretário de Saúde e o prefeito em malfeitores. A Comissão precisa fazer um trabalho grande de acompanhamento”, concluiu.

Ademar Traiano

Ademar Traiano é deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e vice-presidente do PSDB do Paraná