EVASÃO ESCOLAR NA PANDEMIA
*Prof. Dr. Valmor Bolan
Estudo do Banco Interamericano do Desenvolvimento indicou um aumento da evasão escolar no País, durante o primeiro ano de pandemia do coronavírus. Falando sobre o relatório, em reportagem <https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/primeiro-ano-da-pandemia-levou-172-mil-alunos-a-deixarem-a-escola-no-brasil/> da CNN, do Rio de Janeiro, Rayane Rocha explica que “mais de 172 mil alunos, entre seis e 17 anos, abandonaram ou deixaram de frequentar a escola no Brasil”. E acrescenta que o relatório concluído em novembro de 2020, “monitorou o comportamento dos estudantes latinos e caribenhos diante do fechamento das unidades escolares e da adoção do sistema de ensino a distância. Na realidade brasileira, o número de crianças e adolescentes fora da sala de aula subiu em 12% nesse período”. A matéria menciona ainda a observação da diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudia Costin, falando sobre as “consequências irreversíveis a longo prazo” para os que ingressarem no mercado de trabalho, destacando: “Com a automação acelerada que estamos vivendo e o advento da inteligência artificial, muitos postos de trabalho têm sido extintos. Os novos postos que estão sendo criados, estão demandando competências muito mais sofisticadas”. E ressalta: “É dramático o que vai acontecer. É importante que os governos tenham sentido a urgência de fazer a busca ativa desses jovens que abandonaram ou venham a abandonar a escola e que se crie um sistema de recuperação de aprendizagem”. Rayane Rocha ainda completa: “Os dados da Secretaria de Educação do Estado apontaram que a principal série escolar afetada pela evasão foi o primeiro ano do Ensino Médio. Além disso, no ano passado, cerca de 2.200 alunos abandonaram ou deixaram de frequentar as escolas da rede estadual de ensino público fluminense”. Nesse sentido, é importante que os gestores em Educação (da rede pública e privada) estejam atentos a esta realidade e busquem iniciativas para minimizar os efeitos dessa transformação, adequando a escola paras os novos desafios. Não será uma tarefa fácil. Sabemos disso.
Matéria <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/07/23/evasao-escolar-dispara-durante-a-pandemia-e-cerca-de-670-mil-alunos-ficam-sem-estudar-em-sp-aponta-relatorio.ghtml> de O Globo SP 1 também aborda o tema, fazendo referência a um estudo elaborado pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef) que ” indica um crescimento na evasão escolar durante a pandemia de Covid-19, com mais de 667 mil alunos fora das escolas no estado de São Paulo, em 2020″. Houve “um alargamento nas faixas etárias mais afetadas pela evasão”, cujos dados corroboram o fenômeno e que é preciso dar respostas apropriadas para evitar que mais alunos fiquem fora das salas de aula não apenas durante, mas também depois da crise sanitária. Nem todos os estudantes conseguem ter um bom rendimento com o ensino remoto. A reportagem afirma ainda que “o problema central relacionado ao acompanhamento das aulas à distância é a questão da conectividade. Além de requerer uma infraestrutura adequada e uma boa conexão à internet, o ensino remoto também conta com materiais impressos, em 98,2% dos casos, e com orientações passadas por aplicativos de mensagem, método adotado por 97,5% dos educadores na pandemia. Esses itens acabam formando novas barreiras entre os alunos e os conteúdos passados”. O problema maior é a falta de estrutura, especialmente equipamentos, para viabilizar o suporte necessário para as atividades on line. Mesmo assim, pais, professores e demais profissionais da Educação estão buscando atender as novas demandas, dentro das possibilidades. Tendo em vista que a tendência do ensino remoto deve crescer, mesmo no sistema híbrido (com aulas presenciais e virtuais), os gestores em Educação deverão focar no planejamento e avaliação da nova situação, considerando mudanças profundas, a médio e longo prazo.
Em reportagem <https://www.cartacapital.com.br/educacao/por-que-a-pandemia-pode-contribuir-com-a-evasao-escolar/> publicada pela Carta Capital, intitulada “Por que a pandemia pode contribuir com a evasão escolar?”, Ana Luísa Basilio destaca a afirmação de Ítalo Dutra, chefe de educação da Unicef em relação à sua “preocupação com a perda do vínculo escolar durante a pandemia”: “Nós fechamos as escolas sem planejamento. Na maioria dos estados, o que vimos foi recesso, férias e depois ensino remoto. E essas atividades evidenciaram as desigualdades educacionais que o País tem”. E observa que ” “Em São Paulo, menos da metade dos alunos tinha acesso ao conteúdo online em maio, e estamos falando do estado mais conectado e rico do País, entende? “A não manutenção desse vínculo pode impactar no abandono escolar”. Os especialistas concordam, portanto, que será preciso viabilizar uma infraestrutura capaz de atender as novas demandas. Tudo isso exigirá de todos um grande esforço, mas que certamente conseguiremos superar tais desafios. A Educação continuará de vital importância para a sociedade, na formação das novas gerações. Pais, professores e demais profissionais precisam estar unidos no enfrentamento dessa nova realidade, buscando, cada um, dar o melhor de si.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.