A água deixa rastros de angústia
(Claudemir M Moreira)
.
A chuva cai violenta…
Outrora, varreria o céu, como benção.
O tortuoso caminho que encontra,
Devastação, a tragédia alimenta.
O rio enche, transborda, derrama…
Arrasta as sementes da discórdia,
Ignora bandeiras, arrogância e fronteiras;
Faz de sonhos, desespero e lama.
Mal que a muitos comove, sensibiliza.
Só não atinge o coração em que habita o mau.
Em seu peito, a dor da perda,
Em seu solo deixa trincheira e ferida.
Faz seu curso desastroso, tão sedenta;
Não pelo valor natural de séculos,
Mas pelo valor tão mesquinho e banal,
Engrenagem que a ganância alimenta.
A dor que deixa pode ser eterna,
Sinais de uma força que o homem menospreza.
Alterado solo que a semente germina…
Concreto sobre Concreto faz da alma, verna.
O que enche os bolsos, esvazia a alma.
O que enche os olhos, agora são lágrimas.
O que um piscar de olhos não mais enxerga, aflige.
O que era puro orgulho bobo, agora, trauma.
.