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A GUERRA ETERNA

Por Otávio Sedor / Publicitário

Já é alguma hora da madrugada. Jurei para mim mesmo que hoje iria tentar dormir cedo, afinal, não tinha nada demais para fazer ou para me preocupar. Mas nesse universo que estamos imersos hoje em dia, com um bombardeio de informações e conteúdos – alguns bem duvidosos, infelizmente – é difícil conseguir desligar totalmente. Aliás, eu sempre disse que gostaria de ter nascido em alguma geração anterior para saber como era viver sem o WhatsApp e não ser tão acessível assim perante o mundo. 

Mas, o real bombardeio dos últimos dias vem de bombas de verdade. Por todo lado, em todo lugar, notícias vindas dos ataques à Israel. A timeline só fala disso. A tv, o rádio e os jornais também. E eu, mesmo com as poucas dezenas de livros já lidos (será que já cheguei numa centena?), estou longe de conseguir ser um entendedor de conflitos internacionais e assuntos desse tipo. Política internacional não é o meu forte, salvo meu raso conhecimento sobre a América Latina e a biografia do Obama que terminei há um tempo – longas e ótimas 700 e poucas páginas, diga-se de passagem.

 Porém, mantendo a tradição de ser um bom ignorante (adoro o significado dessa palavra) em muitos assuntos, sou também um bom curioso, daqueles que pesquisa compulsivamente no Google sobre tudo e todos. E foi nessa que caí em um vídeo sensacional do jornalista Pedro Dória sobre o assunto. São 14 minutos didáticos e, ao mesmo tempo, complexos, repletos de referências e termos estranhos. Mas, de tudo isso, tirei uma conclusão que talvez nem ele mesmo tenha parado para pensar quando publicou esse conteúdo brilhante – e raro, em meio às baboseiras de hoje na rede: como todo esse conflito horroroso tem a ver com o nosso dia a dia.

Talvez aí esteja uma boa forma de simplificar algo assim: enxergar como um fato tão distante geograficamente está, ao mesmo tempo, tão perto de nós. E, principalmente, ver como situações como aquela são reflexos das nossas próprias atitudes. Afinal, a história da humanidade é repleta de conflitos de todos os tipos. Mas existe um em que nunca existiu um cessar-fogo: o famoso “nós contra eles”. Na tela do celular, na política, na ideologia, no futebol, na religião, o mundo e a vida são formados por pequenas e grandes guerras constantes. Obviamente, nada se compara aos sangrentos conflitos que matam milhares de inocentes. Mas, eu seu princípio, o sentimento é o mesmo: o de não chegar a um acordo, de não abrir mão, de não ouvir, de não ter empatia, de não buscar a paz.

De tudo isso, o que torna mais injustificável e inaceitável situações deste nível é a forma como decidem “resolver”. Com armas, com morte, com destruição. Nesse caso, tudo em uma escala gigante. E o pior: envolvendo muita gente que nada teve a ver com essas decisões. Pois é, e é assim que a humanidade caminha, na trincheira entre pequenas batalhas de palavras odiosas nas redes sociais e grandes guerras monstruosas. No fim, a conclusão é a mesma. A de que nada disso é justificável. Nada disso é aceitável. E nada disso terá fim?