A NOITE É TESTEMUNHA
(Por Joceane Priamo)
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O céu resolveu contar os segredos
Em meio à noite voluptuosa.
As estrelas olharam firmemente
Temendo os mistérios
Dos loucos da madrugada.
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Embriagado, deitado sobre a mesa,
Um pobre homem adormece,
No oásis seu coração confessa,
Sem nada a esconder;
Longe de tudo
Nada tem a perder.
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Escuro tornou-se o mundo
Daquele que deixou de viver
Alma viva, que vive morta a vagar.
Carrega o mundo nos ombros,
O corpo enrijecido é pesado,
Âmago ausente a levitar.
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Olha para o tempo fechado
Na esperança de tudo desabar.
Horas inquietas, mergulha no abismo,
Conta os seus medos ao luar
Que tudo ouve em silêncio
Vendo o pobre homem se maltratar.
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Tem nas mãos o universo
E é preso nas trevas da solidão,
Nessa cadeia de horas eternas
Pede respostas ao céu.
Numa terra de aflitos insatisfeitos
Há milhares deles perdidos,
Curvados, cambaleando,
Olham tristes para mim,
Encostam a cabeça em meu colo
Sem saber onde se encontram,
Se no princípio ou no fim.
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