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Água e Educação

Por Ivonete T. T. Plein

A manutenção da vida humana na Terra depende de ações sábias e urgentes para prosperar com dignidade e igualdade. A humanidade está em um momento de tomada de decisões que depende de conhecimento e determinação, num esforço mundial coletivo e a Educação mostra-se indispensável para seguir um caminho de desenvolvimento e proteção de vida planetária.

A UNESCO em seu Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2021 concluiu (entre outros fatores), que “1 – O mundo provavelmente vai enfrentar um déficit hídrico global de 40% até 2030, em um cenário “sem alterações”; 2 – Anualmente, estima-se que aproximadamente 829 mil pessoas morrem de diarreia como resultado de consumo de água, saneamento e higiene inadequada das mãos. Essas causas representam 60% de todas as mortes relacionadas à diarreia em todo o mundo, incluindo quase 300 mil crianças menores de 5 anos; 3 – Em âmbito global, cerca de 80% de todas as águas residuais industriais e municipais são lançadas no meio ambiente sem qualquer tratamento prévio, com efeitos prejudiciais para a saúde humana e para os ecossistemas” (https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000375751_por).

Diante dessa realidade, as mudanças na forma de viver na Terra necessita ser alterada drasticamente e, para isso, a Educação apresenta-se como a ferramenta mais abrangente, porque entende-se que, com conhecimento é possível a transformação.

Edgar Morin, nos alertou sobre isso em 2002, ao propor que: “Existem sete saberes «fundamentais» que a educação do futuro deveria tratar em qualquer sociedade e em qualquer cultura, sem exceção nem rejeição, segundo os costumes e as regras próprias de cada sociedade e de cada cultura”.

O quadro a seguir apresenta de forma sucinta as premissas dos sete saberes:

SaberPremissa
As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusãoÉ necessário desenvolver no ensino o estudo dos caracteres cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, dos seus processos e das suas modalidades, das disposições tanto psíquicas como culturais que lhe permitem arriscar o erro ou a ilusão.
Os princípios de um conhecimento pertinenteÉ necessário desenvolver a aptidão natural da inteligência humana para situar todas as suas informações. É necessário ensinar os métodos que permitem apreender as relações mútuas e influências recíprocas entre partes e todo num mundo complexo.
Ensinar a condição humanaÉ preciso restaurar a unidade complexa da natureza humana, de forma que cada um, onde quer que esteja, tome conhecimento e consciência em simultâneo da sua identidade complexa com sua identidade comum com todos os outros humanos.
Ensinar a identidade terrenaDeve-se ensinar o reconhecimento da identidade terrena. Convém ensinar a história planetária, as opressões e as dominações que devastaram a humanidade e não desapareceram. Haverá que indicar o complexo da crise planetária, mostrando que todos os humanos, doravante confrontados com os mesmos problemas de vida e de morte, vivem uma mesma comunidade de destino.
Enfrentar as incertezasHaverá que ensinar os princípios de estratégia que permitirão enfrentar os riscos, o inesperado e o incerto e modificar o seu desenvolvimento, em virtude das informações adquiridas pelo caminho. É necessário aprender a navegar num oceano de incertezas através de arquipélagos de certezas.
Ensinar a compreensãoA compreensão mútua entre humanos é vital para que as relações humanas saiam do seu estado bárbaro de incompreensão. É necessário estudar a incompreensão, nas suas raízes, nas suas modalidades e nos seus efeitos. Centrando-se o estudo não nos sintomas, mas nas causas dos racismos, xenofobias, desprezos. Constituiria uma das bases mais seguras da educação para a paz.
A ética do gênero humanoEsboçam-se as duas grandes finalidades ético-políticas do novo milenio: estabelecer uma relação de controle mútuo entre a sociedade e os indivíduos por meio da democracia e conceber a Humanidade como comunidade planetária. O ensino deve não só contribuir para tomada de consciência da nossa Terra-Pátria, mas também permitir que esta consciência se traduza em vontade de realizar a cidadania terrena.

            O atual “status” de desenvolvimento é marcado por contradições. De um lado, o aumento das capacidades tecnológicas de uma sociedade “dita moderna”, e de outro, a persistência das desigualdades sociais e a destruição ambiental. Vivemos a era do avanço tecnológico e da degradação da Terra, impedindo a permanência da vida humana em condições dignas de vida e desenvolvimento de forma igualitária.

É indispensável que a sociedade em geral tenha acesso às discussões em torno das premissas educacionais, para que ocorra a reflexão sobre as possibilidades de uma Educação que possa contribuir verdadeiramente para a vivência mais equilibrada no planeta, buscando um desenvolvimento sustentável.

Nome: Ivonete T. T. Plein

Técnica em Assuntos Educacionais – UTFPR – FB

Doutoranda em Geografia – UNIOESTE – FB

E-mail: ittp20@gmail.com

Currículo: http://lattes.cnpq.br/5475663157110517