Águas do Interior (2): o monitoramento da qualidade da água das SAC
Ivonete Terezinha Tremea Plein
A água subterrânea é considerada elemento fundamental para a luta contra a pobreza, segurança alimentar e hídrica, criação de empregos decentes, desenvolvimento socioeconômico e a resistência das sociedades e economias às mudanças climáticas. A dependência de água subterrâneo só aumentará, principalmente devido ao aumento da demanda de água por todos os setores, combinado com a crescente variação padrões de precipitação (UNESCO, 2022).
As águas subterrâneas utilizadas por mais de 35 mil pessoas na 8ª Regional de Saúde são monitoradas por um sistema nacional de controle de qualidade denominado Sisagua. Ligado ao Ministério da Saúde, ele armazena informações cadastrais sobre os sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água (SAC) (https://jornalfolhadosudoeste.com/aguas-do-interior-1-o-que-e-uma-sac/) para consumo humano, bem como sobre a qualidade da água proveniente de cada uma das formas cadastradas, inferida pelos prestadores do serviço (controle) e pelo setor saúde (vigilância).
Os parâmetros de potabilidade almejados são os definidos pela portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021. Os resultados das amostras são analisados obedecendo estes padrões e posteriormente, registrados em cada município, no Sisagua. O conjunto dos dados de todo o país são apresentados pelo Ministério da Saúde no portal. Os resultados obtidos nas análises são considerados adequados ou não de acordo com os valores máximo permitidos.
Levando-se em consideração esses parâmetros, em cada município do Brasil, há uma equipe ou um servidor ligado à vigilância sanitária, responsável por coletar as amostras, fazer análises preliminares e alimentar o sistema Sisagua. Dessa forma, um sistema coletivo de informações alimenta o banco de dados nacional.
Na 8ª Regional de Saúde de Francisco Beltrão, que reúne 27 municípios, anualmente é realizado um planejamento de amostragem coletiva, em que ficam estabelecidas formas de coleta, análise e disponibilização desses dados, referindo-se à qualidade da água consumida em cada SAC. Os resultados são informados para cada associação gestora/consumidora no prazo combinado no ato da coleta e, no ano subsequente, os dados toais são disponibilizados pelo Ministério da Saúde, através do Sisagua (https://sisagua.saude.gov.br/sisagua/paginaExterna.jsf).
Essa forma de monitoramento implica num grande e importante trabalho nacional de coleta e armazenamento de informações sobre a qualidade da água fornecida pelas SACs, no entanto, não garante a segurança de seu consumo. Políticas públicas participativas e efetivas deveriam utilizar esses dados para desenvolver na sociedade estratégias de fornecimento de água potável para toda população rural.
Com as facilidades do mundo moderno, o acesso aos recursos torna-se maior e as consequências de seu uso, muitas vezes, não são analisadas em sua totalidade, causando consequências que podem resultar em problemas mais amplos e graves do que os que se apresentavam originalmente. “A reflexividade da vida social moderna consiste no fato de que as práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz de informação renovada sobre estas próprias práticas, alterando assim constitutivamente seu caráter” (Guiddens, 1991).
O imediatismo necessário para solucionar um problema recorrente, como a escassez da água, pode colocar em risco outros aspectos da vida, limitando as possibilidades de resolução de problemas futuros, por exemplo a contaminação das águas subterrâneas.
Nota: Esse artigo compõe um conjunto de publicações com resultados da Tese Águas do Interior: Soluções Alternativas Coletivas na 8ª Regional de Saúde do Paraná sob orientação da Professora Rosana Cristina Biral Leme (Doutorado em Geografia – UNIOESTE). Disponível em: https://tede.unioeste.br/handle/tede/7398
Ivonete T. T. Plein
Doutora em Geografia – UNIOESTE
Técnica em Assuntos Educacionais – UTFPR
Currículo: http://lattes.cnpq.br/5475663157110517