Alegria Pascal
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão-PR
Os cinquenta dias que decorrem desde o Domingo da Ressurreição até ao Domingo de Pentecostes, inclusive, são celebrados com alegria e júbilo, como se fora um único dia de festa, mais, como se fora um “grande domingo”, um domingo continuado em 50 dias, Aleluia! Aleluia! O Papa Francisco, em 2013, quando publicou a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – Alegria do Evangelho, escreveu alguns versículos bíblicos da alegria, fruto do Cristo Ressuscitado (cf. EG nn. 5-6).
O Evangelho, onde resplandece gloriosa a Cruz de Cristo, convida insistentemente à alegria. Apenas alguns exemplos: “Alegra-te” é a saudação do anjo a Maria (cf. Lc 1, 28). A visita de Maria a Isabel faz com que João salte de alegria no ventre de sua mãe (cf. Lc 1, 41). No seu cântico, Maria proclama: “O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1, 47). E, quando Jesus começa o seu ministério, João exclama: “Esta é a minha alegria! E tornou-se completa!” (Jo 3, 29). O próprio Jesus “estremeceu de alegria sob a ação do Espírito Santo” (Lc 10, 21). A sua mensagem é fonte de alegria: “Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa” (Jo 15, 11).
A nossa alegria cristã brota da fonte do seu coração transbordante. Ele promete aos seus discípulos: “Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria” (Jo 16, 20). E insiste: “Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria” (Jo 16, 22). Depois, ao verem-No ressuscitado, “encheram-se de alegria” (Jo 20, 20). Nos Atos dos Apóstolos conta que, na primitiva comunidade, “tomavam o alimento com alegria” (2, 46). Por onde passaram os discípulos, “houve grande alegria” (8, 8); e eles, no meio da perseguição, “estavam cheios de alegria” (13, 52). Um eunuco, recém-batizado, “seguiu o seu caminho cheio de alegria” (8, 39); e o carcereiro “entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus” (16, 34). Porque não havemos de entrar, também nós, nesta torrente de alegria nestes tempos pascais, tempo da alegria?
Quaresma sem Páscoa!
Prossegue Francisco. Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa. Reconheço, porém, que a alegria não se vive da mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito duras. Adapta-se e transforma-se, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados. Compreendo as pessoas que se vergam à tristeza por causa das graves dificuldades que têm de suportar, mas aos poucos é preciso permitir que a alegria da fé comece a despertar, como uma secreta, mas firme confiança, mesmo no meio das piores angústias: “A paz foi desterrada da minha alma, já nem sei o que é a felicidade (…). Isto, porém, guardo no meu coração; por isso, mantenho a esperança. É que a misericórdia do Senhor não acaba, não se esgota a sua compaixão. Cada manhã ela se renova; é grande a tua fidelidade. (…) Bom é esperar em silêncio a salvação do Senhor” (Lm 3, 17.21-23.26).
A paz do Senhor esteja sempre convosco!
João, o Evangelista descreve a aparição do Ressuscitado aos discípulos reunidos em três ocasiões (cf. Jo 20,19-31). E promete-lhes: “A paz esteja convosco”! Porém, Tomé, está fora da comunidade apostólica, ao retornar expressar-se com incredulidade ao ouvir o relato dos demais discípulos. “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos e se não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei. Preciso tocar nas marcas dos pregos”. Para ele não bastava o testemunho dos irmãos de que o ressuscitado lhes aparecera. Enfim, pedimos ao Senhor Ressuscitado que nos liberte da incredulidade, da mentalidade materialista e racionalista que tantas vezes nos impedem de professar nossa fé na ressurreição e na presença do Senhor Ressuscitado entre nós.