ALTERNATIVAS EXISTEM
A ALTERNATIVA É INFORMAR-SE E RESPEITAR OS DITAMES CIENTÍFICOS
Há um debate não apenas no meio acadêmico, mas em toda a sociedade, sobre o avanço da ciência em nosso tempo. Há uma polarização ideológica no campo político que dificulta um pouco a reflexão sobre tais avanços, e requer que sejamos capazes de abertura às inovações especialmente na área da biotecnologia, sem descuidar que a aplicação do conhecimento científico possa favorecer práticas desumanas. É um desafio que não será fácil ser vencido, com uma visão reducionista da realidade. É compreensível que pairem ceticismos. Lembremos, por exemplo, da bomba atômica e seus efeitos. Mas também não podemos deixar de considerar as tantas possibilidades tecnológicas existentes atualmente, que permitem concretamente uma perspectiva crescente de melhoria na qualidade de vida. De qualquer forma, por mais pulverizada e fragmentada que esteja a sociedade, o debate se faz necessária, para que haja distinção entre informação e desinformação, entre ciência e especulação. O filme “Não olhe para Cima” (que vem fazendo sucesso na Netflix) trata desse tema. Ao comentar o filme, Pedro Luiz Cortêz, professor do Departamento de Informação e Cultura da Escola de Comunicações e Artes da USP, destacou: “O que o filme obscurece é nossa capacidade de ação, individual e coletiva. O que o filme obscurece é a alternativa. Sim, estamos em um momento complexo onde a humanidade ainda é governada por interesses minoritários e nocivos. Sim, se dependermos destas pessoas, muita coisa ainda há de dar errado. Sim, existem riscos muito reais de catástrofe: pandemias, destruição da natureza, meteoros e cometas. Mas é falso que não existam alternativas. É falso que outros países estejam na mesma situação. É falso que todas as pessoas se corromperiam ou não dariam a mínima. É falso que não possamos fazer nada. Existem alternativas, existem sociedades diferentes, existem pessoas preocupadas, como eu e você. Podemos nos organizar e mudar as coisas”.
É essa a mensagem que deve prevalecer: há alternativa para reconstruirmos as possibilidades e trabalharmos por soluções concretas aos desafios existentes, em todos os aspectos. O que não podemos é ficarmos reféns de redomas ideológicas e visões reducionistas da realidade. E é o que temos visto, em todo o mundo. Muitos se acomodam em leituras simplistas da realidade, e tornam-se inflexíveis diante das muitas alternativas que podem ser adotadas por aqueles que tem poder de decisão, na sociedade, seja na esfera privada ou pública. É preciso reconhecer o avanço da ciência, a sua contribuição que efetivamente propiciou melhoria na qualidade de vida das pessoas. O saneamento básico, por exemplo, garantiu mais saúde á população, de todas as idades e condições sociais. Também em relação á prevenção de doenças, com medicamentos cada vez mais aprimorados. Mas ainda há muito o que fazer para evitar abusos e posturas antiéticas quanto à aplicação da ciência. Nesse sentido, é preciso que estejamos sempre vigilantes, para que haja precisão de informações e rigor técnico que propicie benefício ás pessoas.
Em meio a tanta informação disponível hoje, especialmente nas redes sociais e plataformas digitais, é preciso que saibamos distinguir, pois que também há falsas notícias que desinformam. Daí a importância que verifiquemos as fontes e constatemos a veracidade dos fatos. Dessa forma estaremos em melhores condições para avaliar os acontecimentos a nossa volta e tomar melhores decisões. O conhecimento que temos acumulado, em séculos, nos ajuda a fazer espreitar a ciência discernimento. Temos muitas espreitar mais alternativas hoje do que no passado. E temos que saber usar essas alternativas, para o bem da humanidade.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.