Educação ambiental, sustentabilidade e água
Por Ivonete T. T. Plein
Vivemos a era do avanço tecnológico e da degradação da Terra, impedindo a permanência da vida humana, em condições dignas e possibilidades de desenvolvimento. A sociedade atual, nos moldes de consumo e degradação que conhecemos, está em crise. “A demanda global dos recursos naturais deriva de uma formação econômica cuja base é a produção e o consumo em larga escala” (BRASIL, 1997: Parâmetros Curriculares Nacionais).
O desenvolvimento sustentável é almejado para a construção de um “outro modo de vida” e, a educação ambiental, tem sido apontada como forma de conscientizar o ser humano da sua importância e responsabilidade no meio em que vive, e do qual é parte inseparável, desde o local até o planetário. Entende-se aqui que “o desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades” (GUIMARÃES, 2001: O desafio da sustentabilidade).
A questão ambiental revela o retrato de uma crise pluridimensional que aponta para a exaustão de um determinado modelo de sociedade que produz, desproporcionalmente, mais problemas que soluções e, onde as soluções propostas, por sua parcialidade, limitação, interesse ou má fé, terminam se constituindo em nova fonte de problemas (LIMA, 1999: Questão ambiental e educação).
“Parece claro que entre sustentabilidade e capitalismo existe uma incompatibilidade de princípios” (GADOTTI, 2009: Pedagogia da Terra). O modelo de desenvolvimento pautado, sobretudo, no econômico, faz com que a natureza seja vista apenas como recurso e meio de produção, excluindo-se o ser humano do seu contexto e comprometendo a vida humana no planeta. “É responsável por boa parte da destruição dos recursos naturais e é criadora de necessidades que exigem, para a sua própria manutenção, um crescimento sem fim das demandas quantitativas e qualitativas desses recursos” (BRASIL, 1997: Parâmetros Curriculares Nacionais).
A educação ambiental, como componente de uma cidadania abrangente, está ligada a uma nova forma de relação ser humano/natureza, e a sua dimensão cotidiana leva a pensá-la como somatório de práticas e, consequentemente, entendê-la na dimensão de sua potencialidade de generalização para o conjunto da sociedade.
Acredita-se, de fato, que uma concepção mais libertadora de educação pode contribuir para uma educação ambiental efetiva. No entanto, é de se questionar: como tornar efetiva essa prática de educação ambiental dentro de um sistema educativo que nega o diálogo, fragmenta o saber e privilegia determinados grupos?
Nesse contexto, é um grande desafio pensar formas de acesso adequado à água potável em quantidade adequada e de forma igualitária. Pois, a situação atual é precária, já que os relatórios mostram um panorama mundial preocupante, em que: a) Um quarto da população mundial, ou seja, mais de 2 mil milhões de pessoas utiliza água imprópria; b) Metade da humanidade, mais de 3,6 mil milhões de pessoas vivem sem saneamento gerido de forma segura; c) Uma em cada três pessoas, mais de 2,3 milhões não tem instalações básicas para lavar as mãos em casa (NAÇÕES UNIDAS: https://news.un.org/pt/story/2020/11/1734182).
Este mesmo relatório apresenta 3 grandes objetivos para a questão da água:
O primeiro é garantir na agricultura, maior produtividade por cada gota de água. O segundo é a necessidade de proteger os fluxos ambientais naturais para manter as funções dos ecossistemas, conservando os recursos hídricos nas suas origens, como montanhas, nascentes e zonas florestais. O terceiro objetivo é a garantia de um acesso equitativo deste recurso para todos, pois é um direito humano, já que todas as pessoas têm de ter acesso a água limpa, a água para a sua sobrevivência.
A questão é: estamos dispostos, enquanto humanidade, abrir mão da forma de vida atual, de consumismo e acúmulo sem limites, em prol de um bem comum e de garantia de direitos igualitários para cada ser humano desta e das próximas gerações?
Ivonete T. T. Plein
Técnica em Assuntos Educacionais – UTFPR – FB
Doutoranda em Geografia – UNIOESTE – FB
E-mail: ittp20@gmail.com
Currículo: http://lattes.cnpq.br/5475663157110517