ELON MUSK NO BRASIL
A visita relâmpago de Elon Musk no Brasil, no interior de São Paulo, mobilizou muitos, inclusive o presidente Jair Bolsonaro, que fez questão de ajustar a sua agenda para prestigiar pessoalmente o mega bilionário, que se diz disposto a investir no Brasil, especialmente na região amazônica. O ministro das comunicações Fábio Faria, genro de Silvio Santos, tem feito a velha política (aliado ao Centrão), aproveitando-se da posição que ocupa para abrir portas de negócios que poderão ser úteis em futuro próximo, tendo em vista a tendência do mercado nos investimentos em tecnologias de comunicação, monitoramento, rastreamento, etc. Não foi à toa que tanto se empenhou para agilizar o leilão que permitiu a adoção da tecnologia 5G etc. A mídia divulgou que a parceria do governo com a empresa Starlink, de Elon Musk, foi sobre inovações tecnológicas, levando internet em escolas das zonas rurais e tecnologias para um melhor monitoramento da região amazônica, e a oferta de banda larga com a utilização de satélites da empresa de Musk. Mas na verdade, o que Musk veio fazer foi vender seus serviços aos empresários brasileiros, pragmático que é. O encontro com o mega milionário contou com a presença também de empresários nacionais e representantes da Oi, Tim e Claro. O presidente Bolsonaro aproveitou-se para fazer política eleitoral, em ano de eleições presidenciais. Chegou a chamar Musk de “mito da liberdade”, por ter comprado o twitter, um exagero.
Luísa Costa, da revista Super Interessante, explica que “a Starlink é um projeto da Space X, empresa de Musk que se destaca mundialmente como fornecedora de sistemas de lançamento espaciais – e como a única a utilizar foguetes reutilizáveis que reduzem custos e aumentam a frequência de lançamentos) até o momento”. E acrescenta que “o objetivo da Starlink é, a partir dos serviços da Space X, oferecer internet banda larga via satélite em todo o mundo. Os primeiros satélites foram lançados em maio de 2019, e a ideia é construir uma rede com dezenas de milhares de satélites na órbita terrestre baixa (a uma distância de cerca de 550 km – a Estação Espacial Internacional, em comparação, está a 400 km). A empresa geralmente fornece serviços para clientes convencionais (como eu e você), mas recentemente manteve contato com o governo federal brasileiro para discutir possibilidade de atuação por aqui”. O que Musk se propõe a fazer, provavelmente ganhando muito mais, o INPE (órgão do governo, que o presidente Bolsonaro persegue), tem condições técnicas para empreender, tem satélite e poderia muito bem fazer o rastreamento da Amazônia.
Caberia ao Congresso Nacional acompanhar melhor essa situação, para verificar as condições em que esse contrato será realizado, seus beneficiários, etc., tendo em vista – como dissemos – que o INPE teria condições de prestar os mesmos serviços, com menos custo e talvez até com melhor eficácia. A visita de Elon Musk portanto teve caráter eleitoreiro, mas parece que o povo está atento e não deixará se levar por efeitos midiáticos. O que precisamos é de um governo mais comprometido com o desenvolvimento do País, preservando a soberania nacional. Entregar a Amazônia para um dos maiores bilionários do mundo monitorar, parece deixá-la mais vulnerável quanto à nossa soberania. Temos que ficar vigilantes quanto a isso. Há muito tempo, o mundo está de olho na Amazônia, e Musk parece ter sido mais ágil e esperto em sua estratégia de tirar vantagens.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.