Em breve a grande festa do cristianismo: A Páscoa!
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
O nosso tempo quaresmal de 2024 anda à passos rápidos! Caminhando em direção à celebração mais importante do cristianismo: a morte e a ressurreição de Jesus. Lembremo-nos de que a Quaresma são 40 dias de preparação para a celebração da Páscoa e, além do tempo cronológico que pode ser considerado hoje, não podemos perder o profundo simbolismo que o número quarenta tem na Bíblia. Moisés esteve na montanha por 40 dias (cf. Êxodo 24,18), Elias peregrinou à montanha de Deus por 40 dias (cf. 1Reis 19,8), as tentações de Jesus no deserto por 40 dias (cf. Lucas 4,2). O número quarenta simboliza um tempo de provação, um tempo de fortalecimento na fé, um tempo de caminho, um tempo necessário às metas almejadas. Penso que Quaresma quer dizer mesmo o tempo necessário de nossa “maturação” na fé e consciência cristã, entre elas, a graça da conversão e da vida nova, vida transformada em Jesus Cristo.
Quaresma um tempo especial, que implica uma peregrinação em direção a uma realidade nova e para isso é necessário se preparar. E os meios de preparação que a Igreja nos oferece são tantos, tais como, as vias-sacras, novenas em famílias, celebrações penitenciais, dias de jejum, oração, caridade e reflexão sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano que é amizade social. Enfim, para o Papa Francisco “a vida não é teatro e a Quaresma nos convida a descer no palco do fingimento e regressar ao coração, à verdade daquilo que somos”.
Amizade Social: uma prática possível
Bento XVI na sua mensagem para o 43º Dia Mundial das Comunicações Sociais, em maio de 2009, disse: “Nas nossas amizades e por meio delas crescemos e desenvolvemo-nos como seres humanos”. Em 2020, na Carta Encíclica Fratelli Tutti (FT) sobre a fraternidade e a amizade social, o Papa Francisco disse também: “O ser humano pela própria natureza, não se torna um ser pleno por si só, necessita do outro para completar-se. Não há comunicação efetiva se não tem a sua frente um interlocutor” (FT n. 63). Isso implica porque ninguém pode experimentar o valor de viver sem rostos concretos a quem amar.
Aqui reside o sentido autêntico da existência humana, “uma vez que a vida subsiste onde há vínculos, comunhão, fraternidade, amizade. A partir da intimidade de cada coração, o amor cria vínculos e amplia a existência, quando arranca a pessoa de si mesmo para o outro” (FT n. 65). Para o Papa Francisco, existe em cada um de nós, “uma espécie de lei de êxtase”, sair de si mesmo para encontrar nos outros um acrescentamento de ser” (FT n. 66). Por isso, “o homem deve conseguir um dia partir de si mesmo, deixar de procurar apoio de si mesmo e deixar-se levar” (FT n. 67).
Enfatiza também, que precisamos sair de nosso egoísmo e nos compreender inseridos numa teia mais ampla de relações. Precisamos, de acordo com o bispo de Roma, exercitar a amizade social, cultivar o amor desejoso de abraçar a todos (cf. FT, nn. 1.4). O amor que se estenda para além das fronteiras. “Um amor que ultrapasse as barreiras da geografia e do espaço. Amizade social “é uma condição fraterna aberta, que permite conhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente de sua aproximação física” (FT n. 4), “é viver livre do desejo de domínio sobre o outro”, suplica o pontífice.
Único Mestre: Jesus. Os outros, irmãos e irmãs!
“Vós sois todos irmãos” (Mateus 23,8), recomenda-nos o Senhor Jesus. A irmandade de todos na comunidade fica fortemente destacada neste pedido de Jesus quando percebe a ambição dos fariseus e escribas de serem chamados de “mestres”. Mestre é o Senhor e agora Jesus. A centralidade de Jesus como o único Mestre e Senhor leva todos os membros da comunidade a se sentirem iguais e viverem como irmãos e amigos, ou seja, gerando vida fraterna. Isso é amizade social que nos propõe a Campanha da Fraternidade de 2024.