Enrique Leff e o pensamento ambiental: a educação como base de transformação
Ivonete Terezinha Tremea Plein
Durante o mês de junho é comum se ouvir muitas falas sobre meio ambiente, sua preservação, importância e até ações com este tema nas diferentes esferas da sociedade. No entanto, parece faltar uma real consciência e esclarecimento sobre o tema, já que é comum um mesmo indivíduo ou grupo expor um discurso bonito sobre meio ambiente e suas práticas sociais serem outras.
Com o intuito de colaborar para esta reflexão, a matéria traz algumas indicações do pensamento de Enrique Leff em suas obras: o Saber Ambiental e A Aposta pela Vida. Inicia-se trazendo algo primordial que é o reconhecimento da democracia necessária para discutir e compreender o tema. Na imagem uma representação desse espaço de diálogo que deveria existir entre os diferentes saberes.

Leff afirma que “A construção social da sustentabilidade ativa a potencialidade do ser e a possibilidade do futuro para além do existente”. Para tanto, é necessário entender a importância do diálogo de saberes como “[…] um encontro de racionalidades e modos de existência, inclusive da hibridação entre saberes modernos e tradicionais, que implica uma ética política capaz de dirimir suas diferenças mediante o entendimento mútuo”.
Os movimentos sociais, culturais, educacionais e ambientalistas, constituem força primordial na construção da racionalidade ambiental, que vai muito além de ignorar a história construída e seus problemas na era moderna, busca um encontro de culturas, de saberes, de modos de vida. O sentido de lutar pelo respeito e vivência ambiental é mais do que opor-se apenas ao modo atual de desenvolvimento, tendo em vista que “[…] o ambientalismo não se limita às suas lutas de resistência; o ambientalismo não reduz suas estratégias a criar contrapesos à ordem dominante nem a esperar a derrocada do capitalismo como condição para a construção de uma nova sociedade. A utopia ambiental propõe a criação de uma nova ordem social”.
Para construir tal sociedade, a Educação Ambiental tem papel fundamental; precisa ir além de ensinar técnicas de reaproveitamento ou reorganização dentro do sistema atual de racionalidade econômica e consumista, deve levar em conta uma nova perspectiva de sociedade: a construção de um outro modo de viver. “As estratégias acadêmicas, as políticas educativas, os métodos pedagógicos, a produção de conhecimentos cientifico-tecnológicos e a formação de capacidades se entrelaçam com as condições políticas, econômicas e culturais de cada região e de cada nação para a construção de um saber e uma racionalidade ambientais que orientam os processos de apropriação da natureza e as práticas do desenvolvimento sustentável”.
Nesse sentido, a Educação Ambiental deve ser interdisciplinar e ter seus princípios a partir do local, considerando que “O saber ambiental reconhece a identidade de cada povo, sua cosmologia e seu saber tradicional como parte de suas formas culturais de apropriação de seu patrimônio de recursos naturais”. A Educação Ambiental está sendo apresentada aqui como um processo de amplo alcance, tanto para a tomada de consciência quanto de transformação, na retomada da vida como prioridade por todas as sociedades, estabelecendo-se práticas de bem viver comum, em equilíbrio com o planeta acolhedor.
Ivonete T. T. Plein
Doutora em Geografia – UNIOESTE
Técnica em Assuntos Educacionais – UTFPR
Currículo: http://lattes.cnpq.br/5475663157110517
