FAMÍLIA FUGA: MIGRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL À SANTA CATARINA, PARANÁ E MATO GROSSO
Os Fuga, pais, filhos e netos chegaram em Francisco Beltrão no final da década de 50, logo após o Levante dos Posseiros, em 57, depois de terem trabalhado com a fabricação de camas no distrito de Santa Helena, Joaçaba-SC.
Alberto, Odorico e Mário nas suas atividades profissionais sempre estiveram ligados ao setor da madeira, nas décadas de 50 e 60, matéria prima que ainda existia em abundância no Sul do Brasil.
Em Francisco Beltrão, assumiram a Fábrica de Móveis e Beneficiamento de Madeiras da firma Pedro Granzotto. Alberto Fuga, exerceu a profissão de contador da empresa Irmãos Pedron, de acordo com a sua formação profissional, já com experiência no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
NO FUTEBOL DE FRANCISCO BELTRÃO DEIXARAM UM LEGADO VALIOSO
Alberto, Odorico (Polaco Fuga) e Mário Fuga ingressaram no CE União. Nas primeiras atuações, valorizavam o futebol beltronense em partidas amistosas. Mas não demorou para participarem no Anilado nas disputas de campeonatos amadores organizados pela Lesp – Liga Esportiva Sudoeste.
Alberto Fuga, assumiu a camisa 8, como meia armador; apesar de um pouco fora do peso (gordo), organizava a equipe do União dentro e fora de campo. Era um líder diante de seus companheiros, inclusive, logo promoveu Juquinha que atuava nos aspirantes para ser o seu companheiro na meia cancha do Anilado. Quando algum técnico deixava o clube, Alberto exercia a função com muito profissionalismo, adquirido na equipe do Ypiranga de Erechim-RS.
Odorico – Polaco Fuga, passou a ser o camisa 10 da equipe do União. Mais adiante, conto os feitos dele como goleador. Com Juquinha e Marrequinha, secundados pelo armador Alberto, não tinha facilidade para as equipes que jogavam contra o União.
Mário Fuga, o camisa 9, era uma opção para o técnico orientador da equipe do União. Quando havia necessidade, Mário era chamado e dava a sua contribuição nas jogadas ofensivas da equipe.
Enfim, foram importantes as participações dos três irmãos – Alberto, Odorico e Mário ao futebol de Francisco Beltrão. Deixaram um legado que os torcedores da época jamais esquecem. O Estádio Anilado estava sempre lotado, quando o União jogava, especialmente frente ao Real e ao Industrial pelos campeonatos amadores.
Após 19 anos de participação na vida social e esportiva de Francisco Beltrão, a família Fuga continuou a sua migração, daí para o Mato Grosso. José Alberto Fuga, filho de Alberto (o gordo) contribuiu com o meu trabalho jornalístico, recordando fatos e fornecendo material fotográfico.
YPIRANGA DE ERECHIM-RS
ANOS 40/50
Alberto Fuga jogou no Ypiranga de Erechim-RS
Foto: acervo José Alberto Fuga (a placa abaixo do jogador indica o nome Alberto Fuga)
Em Erechim-RS, existiam nos anos 50/60, duas equipes do interior do estado muito fortes – Ypiranga e Atlântico – de onde tinha vindo a família Trentin. Wolf Paulo Trentin era um dos filhos; foi o fundador do Clube União no dia 15 de fevereiro de 1956. Wolf também foi zagueiro central do União por muitos anos.
De lá, do Alto Uruguai, veio a família Fuga, com três de seus filhos se tornando jogadores do CE União nos anos 60.
Alberto Fuga, já no Ypiranga de Erechim, atuava como meia armador nas disputas do campeonato gaúcho. Nos dias atuais o Ypiranga de Erechim, além do campeonato gaúcho disputa a série C do Campeonato Brasileiro.
A família Fuga, antes de se estabelecer em Francisco Beltrão, havia migrado para o distrito de Santa Helena, município de Joaçaba-SC. No entanto, o distrito e o município eram pouco habitados; o comércio também era muito incipiente. A família Fuga decidiu continuar a migração, vindo para Francisco Beltrão-PR.
Pelo último censo do IBGE, em 2023, Joaçaba tinha uma população de apenas 30.146 habitantes.
No início das atividades em Francisco Beltrão, os Fuga assumiram a Fábrica de Móveis e beneficiamento de madeiras de Pedro Granzotto, onde esteve instalada nos últimos anos a empresa Faust Pneus. Atualmente, nesse local existem pequenas empresas comerciais, tornando-se as instalações num mini-shopping.
Alberto Fuga, pela sua formação profissional, também foi contador da firma Irmãos Pedron, instalada na Av. Júlio Assis Cavalheiro, esquina com a Rua Curitiba (hoje prédio Penso). Alberto exercia a profissão de contador, mas nas horas de folga tinha dedicação especial ao CE União; amor ao esporte que trouxe do estado gaúcho a Francisco Beltrão.
União de Beltrão de 1960
Foto: acervo José Alberto Fuga. Canhão, Miot, Elísio Vettorello, Wolf Trentin, Beneti, goleiro Paulinho Franciosi. Nelson Behne, Alberto Fuga, Nilo Franciosi, Danilo Menon e Mário Fuga.
Time amador que foi campeão citadino
Canhão, 4º zagueiro, argentino que veio para jogar futebol no CE União. Instalou uma oficina de chapeação, casou com a senhorita Madalena e residiu por muitos anos em Francisco Beltrão.
Valdemar Miot, 1º volante (cabeça de área). Pela técnica que tinha de bom jogador foi contratado pelo Atlético Linense de Lins –SP.
Elísio Vettorello, lateral direito. Pelo amor que tinha ao time, em 1979/80 foi presidente do clube.
Wolf Trentin, zagueiro central. Vindo de Erechim-RS, foi o fundador do CE União.
Beneti, lateral esquerdo. Fora o futebol, instalou uma das primeiras relojoarias em Francisco Beltrão.
Goleiro Paulinho Franciosi, de Marmeleiro/Francisco Beltrão. Foi convidado para treinar no Santos de Pelé & Cia.
Nelson Behne, meio-campista e ponta direita. Atualmente, um dos proprietários da Indústria Marel, empresa que fornece móveis para o mercado brasileiro e exterior.
Alberto Fuga, meia armador, o camisa 8 do União, antes de Juquinha, além de bom jogador, também tinha as funções de técnico e diretor da equipe. Foi um os fundadores e técnico da equipe da baixada – o Industrial.
Nilo Franciosi, ponta direita, irmão do goleiro Paulinho Franciosi. Jogava pela Soc.Esp. Marmeleiro, mas logo optou por atuar pelo CE União.
Danilo Menon, excelente lateral esquerdo, um dos fundadores das Livrarias Menon.
Mário Fuga, jogador da camisa 9. Era a opção que fazia Alberto Fuga, quando necessária a escalação do seu irmão Mário.
CURIOSIDADES SOBRE GOLEIROS DO UNIÃO
A primeira equipe organizada a disputar campeonatos amadores regionais foi a do CE União.
Teve três goleiros de nome Paulinho:
O primeiro foi Paulinho (preto), cabo da unidade do exército de Francisco Beltrão.
O segundo foi Paulinho Franciosi, vindo do Rio Grande do Sul. Era goleiraço da equipe de Marmeleiro e, posteriormente, com grandes atuações pelo CE União.
O terceiro foi Paulinho Schwartz; veio de União da Vitória para defender o União em jogos da Taça Paraná, mas acabou adotando Francisco Beltrão como sua terra do coração.
CE UNIÃO PRONTO PARA VIAJAR À CLEVELÂNDIA
Foto: acervo José Alberto Fuga.
União de Beltrão, uniformizado para viagem até Clevelândia para jogar contra o Tabu pelo campeonato amador regional. Entre os jogadores do Anilado anos 60 está Osmar Brito (presidente) e Edson Barroso (técnico do time (‘e agente de rendas estaduais de Francisco Beltrão’).
A foto dos 15 jogadores e dois dirigentes do clube União foi tirada em frente ao prédio onde estava instalada a Relojoaria Safira, na Av. JAC. Acima da cabeça do técnico Edson Barroso aparece a placa da relojoaria dos Beneti.
TIME DO UNIÃO, NA FOTO DR. WALTER PÉCOITS
Nesta foto, jogador Marrequinha, não uniformizado, porque estava contundido ou cumprindo suspensão imposta pela LESP – Liga Esportiva do Sudoeste do Paraná. Marrequinha foi um dos primeiros jogadores de Francisco Beltrão a sair daqui para jogar fora; foi contratado pelo Ypiranga de Erechim-RS. Na foto, com a bola na mão, Dr. Walter Pécoits. Houve um jogo entre União e Real, vencido pelo Anilado por 2 x 0, em que o jogador Polaco Fuga jogou 35 minutos e marcou os dois gols. Momentos antes do início, Polaco teve o pé direito anestesiado, em virtude de uma contusão (corte) e mesmo assim marcou os gols da vitória do União. Pode ser que tenha sido nesse duelo em que está registrada a foto acima.
Polaco Fuga era o ponta de lança, expressão hoje quase extinta do futebol. Uma das especialidades de Polaco Fuga era finalizar as jogadas do União, isto é, fazer os gols. Quando Polaco não atuava em alguma partida, por algum motivo, o grau de eficiência da equipe caía em torno de 40 a 50%.
A função do camisa 10 do Anilado, Polaco Fuga, era também fazer a ligação entre o meio campo e o ataque, mas pela sua habilidade e visão de jogo… e características ofensivas se posicionava em muitos lances entre os zagueiros e até mesmo cara a cara com os goleiros adversários.
Polaco Fuga tinha a vantagem de chutar com os dois pés e, assim, ele fazia os gols que davam muitas vitórias ao time beltronense contra os adversários mais fortes do sudoeste como Palmeiras e Internacional de Pato Branco, Sete de Setembro de Dois Vizinhos, Tabu de Clevelândia, Real e Industrial de Francisco Beltrão.
ALGUMAS AUSÊNCIAS DE POLACO FUGA
O camisa 10 do União viajava repentinamente para Erechim…e como fazia falta à equipe do União. Ou ele gostava muito de Erechim-RS e voltava para rever os amigos (as), ou ia jogar ocasionalmente por alguma equipe da região do Alto Uruguai. Mas pela falta que representava à equipe dos seus irmãos Alberto e Mário, no União, logo era chamado de volta e reassumia as suas funções de goleador, sem igual na época. Até hoje, não entendo as razões das “sumidas” de Polaco Fuga.
COM POLACO FUGA ACONTECEU UM FATO INUSITADO
Polaco havia deixado de comparecer a vários treinos da equipe do União, porque estava com uma contusão no pé direito (corte em recuperação). Jogaria ou não jogaria contra o Real (clássico Unial), pelo campeonato amador regional, no Estádio Anilado. Os comentários entre torcedores eram os mais contraditórios: o Polaco não vai jogar o clássico… outros afirmavam que ele não ficaria fora da importante disputa”.
A equipe entrou em campo e o Polaco permaneceu nos vestiários. Minutinhos antes de iniciar o jogo, Polaco apareceu para jogar. Seu pé contundido estava anestesiado. Começa o duelo muito disputado, era sempre assim contra o Real e, a torcida do Anilado vibrou com dois gols que o Polaco Fuga havia marcado. Com 2 a 0 no placar, o destaque do confronto deixou o gramado ainda no 1º tempo, foi substituído pelo jogador Canário, e a vitória do União foi consagradora por 2 a 0. O placar assim permaneceu até o final dos 90 minutos. Foi algo extraordinário que aconteceu com Polaco Fuga, no União de Beltrão, nos anos 60. “Ele foi o possuidor da grandiosidade dos heróis”.
Polaco Fuga, campeão amador em 1961. Um jogador que tinha muita força nos chutes. Daí muitos gols marcados pela equipe do União de Beltrão.
CE UNIÃO, campeão amador regional em 1961. Elísio Vettorello, Barros, Paulinho Franciosi (goleiro), Canhão (argentino), Alberto Fuga e Danilo Menon; Miltinho, Canário, Nilo Franciosi, Marrequinha, Polaco Fuga e Juquinha.
MIGRAÇÃO DA FAMÍLIA FUGA ATÉ SORRISO, ESTADO DO MATO GROSSO
Em 1977, houve a emancipação político-administrativa do Estado do Mato Grosso, ação histórica com assinatura do ex-presidente Ernesto Geisel, que tirou do papel a reivindicação de muitos anos, de habitantes que queriam Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Situado na região central de Mato Grosso, às margens da BR-163, o município de Sorriso está entre as dez cidades maiores do Estado. Sua população é constituída por migrantes de todas as regiões do país, principalmente do Sul e Nordeste. E, a família Fuga chegou à terra prometida, quando tudo estava por fazer.
Os FUGA, NO MATO GROSSO
José Alberto Fuga- “Tio Chico”, sua esposa Lúcia Debiasi Fuga e familiares dirigem a Escola Vinícius de Moraes, na cidade de Sorriso-MT. Segundo as redes sociais e as declarações de outros beltronenses que conhecem os Fuga, no Mato Grosso, todos afirmam que eles têm uma das melhores escolas do estado, nos níveis pré-escolar, básico e médio completo.
Muitos alunos pós-cursos no Vinícius de Moraes foram aprovados em medicina, engenharia eletrônica e outros, sem cursinhos intermediários, o que prova o ensino básico muito forte que fizeram.
PARTICIPAÇÕES NO ESPORTE
José Alberto Fuga – o Tio Chico – diretor da Escola segue a mesma bandeira do pai Alberto Fuga (gordo), organizando e patrocinando equipes femininas e masculinas com muitas participações em eventos esportivos nacionais e internacionais.
A seguir, um rol de eventos esportivos e com conquistas de títulos de campeões e vice:
Campeonato Pan-americano Escolar, em 2012.
Jogos Desportivos da Língua Portuguesa, no ano de 2012, em Portugal.
Tetracampeão dos Jogos Escolares Nacionais; participantes alunos de 12 a 14 anos de idade, nos anos de 2005, 2009, 2010 e 2012.
Tricampeão Brasileiro Cadete em 2009, 2010 e 2016.
Aluninhos medalhistas da Escola Vinícius de Moraes.
Professor de educação física, Cristiano Frippe.
A Escola Vinícius de Moraes tem marcado presença em competições nacionais e internacionais, com muitas conquistas de primeiros lugares, aqui elencados, em parte, mas as disputas foram muitas, além destas.
José Alberto Fuga “Tio Chico”. diretor do Colégio Vinícius de Moraes.
Vista da bela cidade de Sorriso-MT, que a família Fuga escolheu para morar a partir da mudança de Francisco Beltrão, seguindo a sua migração para um estado novo.
Sorriso, segundo o Censo de 2023, possui uma população acima de 140 mil habitantes. É uma das melhores cidades para se viver, é a segunda mais rica do Mato Grosso, conhecida como a capital nacional do Agro-Negócio.
O município de Sorriso é conhecido como o maior produtor Individual de soja do mundo. Outra riqueza de Sorriso – maior produtor de peixe do país.
Falta espaço na minha coluna para citar tantas posses e encantos de Sorriso, por exemplo – o setor turístico é riquíssimo em belezas que atraem todas as pessoas em férias e que vão visitar algo novo da natureza.
CONCLUSÃO (Laurentino Risso)
Procurei através de um trabalho jornalístico esportivo, um pouco de entretenimento, ao mesmo tempo em que valorizei a migração da Família Fuga, que veio do Rio Grande do Sul, passando antes, por Santa Catarina e, finalmente, se estabelecendo em Francisco Beltrão. Busquei informações sobre trabalho, vida social e, especialmente, participação esportiva.
Além do que eu já havia presenciado com os Fuga jogando futebol em Francisco Beltrão, estive sempre em contato com o herdeiro histórico da família – José Alberto Fuga -, hoje, um apaixonado pela cidade de Sorriso (MT), onde vive há muitos anos com seus familiares.
Em nome de José Alberto Fuga, fica um convite a todos seus amigos e povo em geral, para que visitem a cidade de Sorriso, um lugar acolhedor e com muitas atrações turísticas a serem conhecidas e admiradas.