Flores de inverno
(Joceane Priamo)
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Quando meu corpo virar pó,
Não vá até meu túmulo
para me encontrar.
Não lamente pelos dias
Que não vivemos,
Não vale a pena chorar
Porque eu não estarei lá.
Eu viverei entre os pingos
Da chuva que cai mansamente.
Nos raios do sol que se escondem
Atrás da montanha.
Na música que toca o seu coração.
Nos risos das fotografias.
Nas emoções que desfrutamos um dia.
No aroma de uma doce recordação
De quem nunca sai da memória.
Não me faça visita no dia de finados,
Não gaste dinheiro com flores,
Elas murcham e morrem.
Quando quiser me encontrar
Feche os olhos, ouça o silêncio,
Sinta a presença do vento.
O fim só existe na ausência
De quem não fez parte da história.
Eu sempre estarei aqui.
Por isso, não vá até o meu túmulo
Para me encontrar.
Lá, só tem uma pedra vazia.
Com a seguinte afirmativa:
O inverno secou minhas flores,
Mas, eu, ainda, permaneço viva!
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