Gabrielly Santos levou música para crianças e mulheres da África
Gabrielly levou 100 flautas e 80 sininhos, com o patrocínio da Cresol Tradição.
Por Leandra Francischett
Todo o amor que a música pode proporcionar. Gabrielly Santos, natural de Verê e professora de música da Sonata Centro de Artes, passou 55 dias em Burkina Faso, na África, onde doou o que ela tem de melhor: talento e vontade de ajudar. Ela retornou para Beltrão dia 12 de fevereiro e garante que esta experiência mudou sua vida.
Gabrielly levou 100 flautas para trabalhar com as crianças e 80 sininhos, que são instrumentos usados pra iniciar a musicalização com crianças, todos com o patrocínio da Cresol Tradição. “Eu trabalhei lá com 50 crianças na turma da flauta e mais 50 crianças na turma de sininhos, além de um coral composto pelas mesmas 100 crianças e um coral adulto, composto por 30 membros e uma turma adulta composta por 20 membros.”
Gabrielly Santos, natural de Verê é professora de música na Sonata Centro de Artes, passou quase dois meses na África, fazendo trabalhos humanitários. Foto: Arquivo pessoal.
Seu objetivo era ensinar música, mas o trabalho abrangia as mais diversas áreas, pois as carências naquele país são muitas. “A gente foi pra lá disposta a fazer tudo que fosse necessário. Então, eu também auxiliei as meninas da área da saúde, ajudei na alimentação, pintei uma sala, que é a sala que nós usamos pra música, e na recreação com crianças e com mães refugiadas. Por ser um país perseguido, em guerra, muitas mães perderam seus maridos e tiveram que se deslocar; a assistência social encaminhou essas mulheres pra nossa ONG.”
Ela se refere à ONG Cacemar (Centro de Acolhimento Casa Esperança e Missão Refúgio), fundada por uma brasileira, que visa a inclusão e justiça social por meio da formação profissional de educação e saúde de crianças e adultos, moradores de uma região de extrema pobreza em Burkina Faso, África. Gabrielly foi através do projeto Let’s go to África, que é um projeto que leva jovens brasileiros pra trabalharem lá a serviço dessa ONG.
“Tudo que eu vi lá já muda por completo quem a gente é. Temos uma abundância no Brasil de tudo: de recurso, de luz, de água, de internet, de pessoas por perto, querendo ajudar, e lá não tem isso. Nós ficamos sete dias sem água na casa que nós estávamos e tínhamos que comprar, pagávamos pra ter acesso à luz e quando esse valor era atingido nós ficávamos sem luz, então todo o recurso que a gente levou daqui, que foi arrecadado, ainda era muito pouco.”
A alimentação também era escassa. “Quando a gente vive numa realidade que tem tão pouco e a gente enxerga a nossa vida, e vendo que nós temos tudo em excesso, a gente percebe que não vale a pena ter tanta coisa se o principal a gente não tem, que é se doar, que é amar, que é ter um motivo maior pra viver.” Gabrielly lamenta que, com o seu retorno, não há quem dê continuidade ao seu trabalho. “Eu oro e sonho pra ter alguém lá que faça isso, porque eles não têm acesso à aula de música, acesso à enfermagem, produtos de higiene pessoal e comida, como temos aqui.”
Uma nova Gaby
Gaby mudou também fisicamente; ela raspou o cabelo enquanto estava em Burkina Faso. “Eu cortei o meu cabelo, porque era um propósito que eu tinha feito com Deus, aqui no Brasil, antes de viajar, isso chocou as mulheres de lá, porque cabelos longos é algo que eles associam às pessoas brancas e que mexe com a nossa vaidade, a maioria das mulheres usa perucas por lá, mas pra mim foi só mais uma forma de Jesus mostrar o quanto nós somos iguais pra Ele. Eu sei que a minha aparência física mudou, mas a mudança que cada voluntário teve por dentro refletiu em quem nós somos por fora também.