Jesus, homem de oração
Neste Ano Jubilar queremos e podemos crescer muito na oração. Então, com o Papa Francisco, sigamo-lo na reflexão sobre Jesus “como homem de oração”. Jesus rezava. Nós, cristãos, rezamos com Jesus. O primeiro ato público de Jesus é a sua participação numa oração comum do povo, uma prece que se faz batizar, na qual todos se reconhecem pecadores. Ele reza com os pecadores do povo de Deus. Ponhamos isto na nossa cabeça: Jesus é o Justo, não é um pecador. Mas Ele queria vir até nós, pecadores, e Ele reza conosco, e quando rezamos Ele está conosco a rezar; Ele está conosco porque está no céu a rezar por nós.
Jesus reza sempre com o seu povo, reza sempre conosco: Nunca rezamos sozinhos, rezamos sempre com Jesus. Ele não permanece na margem oposta do rio – “Eu sou justo, vós pecadores” – para marcar a sua diversidade e distância do povo desobediente, mas mergulha os seus pés nas mesmas águas de purificação. Faz-se como um pecador. E esta é a grandeza de Deus que enviou o Seu Filho que se aniquilou a si mesmo e se manifestou como um pecador. Jesus não é um Deus distante, e não o pode ser. A encarnação revelou-o de forma completa e humanamente impensável. Assim, ao inaugurar a sua missão, Jesus coloca-se à frente de um povo de penitentes, como se estivesse encarregado de abrir uma brecha pela qual todos nós, depois d’Ele, devemos ter a coragem de passar. Mas a via, o caminho, é difícil; mas Ele vai abrindo o caminho.
Na oração, o céu se abre!
O Evangelho de Lucas destaca, sobretudo, a atmosfera de oração em que o batismo de Jesus teve lugar: “Tendo sido batizado todo o povo, e no momento em que Jesus se encontrava em oração, depois de ter sido batizado, o céu abriu-se” (Lucas 3,21). Orando, Jesus abre a porta do céu, e daquela brecha desce o Espírito Santo. E do alto uma voz proclama a maravilhosa verdade: “Tu és o meu Filho muito amado; em ti pus todo o meu enlevo” (v. 22). Esta simples frase contém um tesouro imenso: faz-nos intuir algo do mistério de Jesus e do seu coração, sempre voltado para o Pai. No turbilhão da vida e do mundo que chegará a condená-lo, até nas experiências mais duras e tristes que deverá suportar, inclusive quando experimenta que não tem onde reclinar a cabeça: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (cf. Mateus 8,20), até quando o ódio e a perseguição se desencadeiam à sua volta, Jesus nunca está sem o amparo de uma morada: habita eternamente no Pai.
Eis a grandeza única da oração de Jesus
O Espírito Santo apodera-se da sua pessoa e a voz do Pai atesta que Ele é o amado, o Filho em quem se reflete plenamente. Esta prece de Jesus, que nas margens do rio Jordão é totalmente pessoal – e assim será ao longo da sua vida terrena – no Pentecostes tornar-se-á, pela graça, a oração de todos os batizados em Cristo. Ele próprio obteve este dom para nós e convida-nos a rezar como Ele rezou. Por esta razão, se numa noite de oração nos sentirmos fracos e vazios, se nos parecer que a vida tem sido completamente inútil, nesse momento devemos implorar que a prece de Jesus se torne também a nossa.
Precisamente para nós, para cada um de nós, ressoa a palavra do Pai: mesmo que fôssemos rejeitados por todos, pecadores da pior espécie. Jesus não desceu às águas do Jordão para si mesmo, mas por todos nós. Foi todo o povo de Deus que se aproximou do Jordão para rezar, para pedir perdão, para fazer o batismo de penitência. E como diz aquele teólogo, aproximaram-se do Jordão “com a alma e os pés nus”. Isso é humildade. Rezar requer humildade. Abriu os céus, como Moisés abriu as águas do mar Vermelho, para que todos nós pudéssemos passar atrás dele. Jesus ofereceu-nos a sua própria oração, que é o seu diálogo de amor com o Pai. Concedeu-no-la como uma semente da Trindade, que quer criar raízes no nosso coração. Acolhamo-la! Acolhamos este dom, o dom da oração. Sempre com Ele. E não nos enganaremos. Pedimos hoje: “Senhor Jesus, ensina-nos a rezar e rezar sempre”.