Médico usa caneta e tesoura em manobra de emergência para salvar pai engasgado, em Foz do Iguaçu
Uma caneta, uma tesoura e quase 20 anos de experiência profissional como cirurgião torácico, foram cruciais para que o médico Carlos Eduardo pudesse salvar a vida do pai Afonso de Oliveira, 78 anos, com uma manobra de emergência após o idoso engasgar com um pedaço de queijo.
Pai e filho participavam de um evento de degustação de vinhos, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná quando tudo aconteceu.
“Eu percebi que não desceu (queijo), mas aí eu já tinha engolido, não tinha o que fazer. A mulher que estava na mesa me ofereceu água mineral. Tomei a água mineral, nada. Peguei uma taça de vinho, bebi, nada. [..] era uma sensação de afogamento horrível”, relembrou Afonso.
Ao perceber o engasgo do pai, Carlos Eduardo aplicou a manobra de heimlich, técnica usada em bebês e crianças, mas que, com adaptações, também pode ajudar adultos. O filho agiu rápido, uma vez que o pai, por ter complicações de saúde, corria mais risco de morte durante o engasgamento.
O médico conta que as cinco tentativas da manobra não deram resultado e, sem tempo para esperar a chegada dos socorristas no local onde ocorria o evento, fez uma cricotomia.
O procedimento consiste na perfuração de uma região especifica do pescoço para liberar a circulação do ar pelo sistema respiratório quando há alguma obstrução.
“Ele já fez uma parada cardíaca, começou a manobra e alguém botou na minha frente uma tesoura e lembro que falei para ele, já inconsciente, ‘desculpa pai, mas eu vou ter que fazer'”, relatou Carlos.
“Ai cortei, entrei na via aérea, a gente conseguiu abrir a via aérea dele e me trouxeram uma caneta, que a gente inseriu na traqueia, já ventilei ele duas vezes pela canetinha, soprei e ele voltou a respirar e ter batimento de novo”, relembrou o médico.
UTI e a descoberta de ser salvo pelo filho
Após o atendimento emergencial do filho, Afonso foi levado para um hospital e teve que ser internado em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ele só soube do que tinha acontecido dois dias depois.
“O último momento que me lembro é ele me pegando pelas costas, na tentativa de desobstruir e jogar para fora, aí eu lembro. Depois eu me lembro de estar em um quarto cheio de aparelhos e equipamento, sem saber o que tinha acontecido”, relatou Afonso.
O caso aconteceu de abril e Afonso segue em recuperação. Ele fala com a ajuda de um aparelho, e entre algumas caminhadas leves, tem na rotina exercícios de fonoaudiologia e fisioterapia. Carlos Eduardo segue acompanhando de perto a recuperação do pai, que se emociona ao lembrar do gesto do filho.
“Não tem preço, eu jamais poderia imaginar isso, em uma situação de emergência ser salvo pelo meu filho. Eu fiquei extremamente emocionado quando soube de tudo ainda no hospital”, disse emocionado Afonso.
“Dá uma sensação de alívio por pensar ‘puxa, dentro da minha profissão consegui dentro da minha profissão salvar a vida do meu pai. Não tem preço”, afirmou Carlos Eduardo.