Na área da 8ª Regional de Saúde, mais de 70% dos casos de violência são contra mulheres
Entre os anos de 2013 a 2016 foram registrados 766 casos.
Da assessoria – O artigo intitulado Violência Interpessoal e Autoprovocada: Caracterização dos Casos Notificados em uma Regional de Saúde do Paraná, publicado na Revista Cogitare Enfermagem, no Volume 25 (2020), foi extraído de um projeto de iniciação científica desenvolvido no ano de 2018 pela acadêmica Cinthya Mara de Andrade, sob orientação da professora e coordenadora do curso de Enfermagem da Universidade Paranaense (Unipar), Lediana Dalla Costa e coorientação da professora Géssica Tuani Teixeira.
A violência é definida como um grave problema de saúde pública e está presente em qualquer meio social. Apesar de essência obscura, a agressão interpessoal ou autoprovocada é reconhecida como o uso da força física ou em coação, autoprovocada ou dirigida para outra pessoa que resulte em lesão, dano moral, prejuízos, privação ou morte.
A atual pesquisa identificou um aumento dos casos de violência. Entre os anos de estudo, foram registrados 766 casos, com predomínio de vítimas do sexo feminino, adultas e com companheiro. Em relação aos agressores, a maioria eram homens adultos, e ainda, a grande maioria das agressões ocorridas em ambiente domiciliar, sendo as mais comuns a violência física, seguida de psicológica e sexual, respectivamente.
Importância das notificações
De acordo com Cinthya, a pesquisa buscou caracterizar os casos de violência interpessoal e autoprovocada por meio da análise das notificações de uma Regional de Saúde do interior do Paraná entre os anos de 2013 a 2016. A pesquisa confirma a importância das notificações e de uma assistência à saúde pautada na responsabilidade dos profissionais e ainda, reforça a necessidade de implementação de políticas públicas e treinamento dos profissionais responsáveis pelas notificações. Dessa forma, conhecer as características dos casos de violência regional contribui para um melhor entendimento acerca do tema e serve deestímulo para que novos estudos que abordem esta importante temática.
Resultados
Entre os anos de 2013 e 2016, foram registrados 766 casos de violência. Levando em consideração as características sociodemográficas, foi possível observar maior incidência de casos na população feminina 565 (73,8%). Quanto à faixa etária, houve destaque para adultos 322 (42%) e adolescentes 180 (23,5%). A raça predominante foi branca 583 (76,1%), e referente à escolaridade da vítima, 327 (42,7%) possuíam menos que oito anos de estudo. Na variável situação conjugal, houve destaque para vítimas com companheiro 277 (47,9%) e na variável orientação sexual, heterossexuais 492 (64,2%), e no que tange ao local de ocorrência, vale destacar que a residência obteve um índice de 546 (71,3%), seguido de via pública 79 (10,3%).
De acordo com Cinthya, os baixos graus de instrução estão relacionados ao aumento da incidência de casos de violência. “Em contrapartida, vítimas com maior escolaridade e poder aquisitivo tendem a buscar serviços de saúde privados e podem solicitar a omissão da informação, mesmo este sendo uma obrigatoriedade de todos os prestadores de saúde, gerando subnotificações e distorção do real perfil de violência.”
Violência física e psicológica
Quanto ao tipo de violência, houve predomínio da violência física, seguida da psicológica, 573 (74,8%) e 304 (39,7%), respectivamente. No que diz respeito às formas de agressão, evidenciou-se que a força corporal se destacou, 429 (56%), seguida de ameaça 146 (19,1%). Observou-se que, em 585 (50,3%) casos, os agressores não usaram álcool, e no que se refere ao vínculo da vítima com o autor da violência, destacou-se o cônjuge 152 (19,8%) e o conhecido 132 (17,2%). Dos casos notificados 343 (44,8%), ocorreram mais de uma vez.
Legenda
Cinthya Mara e a professora Lediana Dalla Costa.