NOVA CONSTITUIÇÃO DA IGREJA EM SAÍDA
No último domingo (5), dia de Pentecostes, passou a vigorar a nova Constituição do Vaticano, depois de oito anos de elaboração e revisão, feita por uma comissão de cardeais escolhidos pelo Papa Francisco.
Desde o início do seu pontificado ele quis imprimir uma Igreja mais missionária e menos dogmática, mais voltada aos pobres, mais pastoral, menos centralizada em Roma, mais aberta ao mundo, às pessoas de todas as nações, de todas as culturas, mais evangelizadora. Foi assim que o Papa Francisco promulgou a Constituição Praedicate Evangelium, em março deste ano.
Franca Giansoldati explica em reportagem publicada no Il Messaggero, que, no preâmbulo da Praedicate Evangelium, “sintetiza-se em poucas frases o objetivo: ‘Harmonizar melhor o serviço da Cúria com o caminho de evangelização que a Igreja, sobretudo nesta época, está vivendo’. É claro que não se trata apenas de uma reforma burocrática ou administrativa, mas de um movimento estratégico mais amplo, pensado para acelerar a passagem da Igreja para a missionariedade, para ir às periferias culturais e não só geográficas”. As periferias, portanto, não se referem apenas ‘a dimensão territorial, principalmente dos grandes centros urbanos, mas também ao âmbito cultural. Nessa esfera, ainda há muitas resistências ao que o Concílio Vaticano II exortou, especialmente para que a evangelização pudesse alcançar mais pessoas, a partir da realidade cultural de cada localidade. Ainda estamos em meio a muitos desafios, nesse sentido, porque nem todos os católicos entenderam o que propôs o Concílio Vaticano II, e muitos querem retornar a práticas antigas formais que não surtem o efeito esperado da evangelização, na conjuntura mundial, cada vez mais complexa. Por isso o Papa Francisco recebe críticas de setores mais conservadores e tradicionalistas.
Todas as mudanças propostas e aprovadas pelo papa, começaram a vigorar. Franca Giansoldati destaca que: “Já a partir do título – Praedicate Evangelium – entende-se que a direção operacional identificada por Bergoglio para o futuro da sua máquina de governo deverá se desenvolver mais para fora do que para dentro, mais no front pastoral do que no dogmático, privilegiando o caminho da descentralização, da inclusão, da racionalização, com um olho nos pobres. Em suma, é a esperada revolução de Bergoglio que tomou forma”. Esperamos que as mudanças que começaram a valer, possam surtir efeito nas dioceses do mundo todo, com a perspectiva de que a evangelização seja efetivamente melhor, com os ajustes que evidentemente poderão ocorrer, quando testadas, na prática do dia a dia.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.