O balanço de tudo
Por Otávio Sedor – Publicitário
De volta a vida normal e ao planeta terra depois de algumas boas semanas – que as vezes parecem séculos – também volto a estas nossas linhas de troca. A imersão em um período eleitoral nos deixa muitas marcas que só quem viveu alguns sabe. Inclusive a saudade da vida normal. Agora, a torcida é para que a vida normal não esteja tão chata.
Cada vez mais estamos reafirmando clichês. Relembrando que cada eleição é diferente, que profetas estão em extinção e que as pessoas estão cada vez mais ilegíveis. A micropolítica está cada vez mais micro – antes era apenas sobre o buraco na minha rua, agora é sobre os buracos no meu coração. E isso também enaltece, novamente, outra velha e verdadeira frase feita: o voto é emocional.
Tivemos algumas surpresas inexplicáveis pelo Brasil afora, das mais próximas até as mais distantes. E elas são inexplicáveis porque existem muitas coisas na vida que a gente não explica, principalmente em eleições, onde nunca existirá apenas um responsável ou um culpado. O processo está cada vez mais complexo, mais subjetivo, mais cheio de versões diferentes e narrativas infinitas. E, como dizem por aí nesse novo mundo do TikTok, “tá tudo bem”.
Mas agora preciso fazer o principal registro desta nossa conversa de hoje. A surpresa mais assustadora e cada vez mais agigantada se chama: abstenção. E ela não recebe toda a atenção que deveria. Só aqui em Beltrão, por exemplo, mais de 13 mil pessoas simplesmente não apareceram para votar. E existem casos ainda piores. Mas, por quê? O voto, teoricamente, é obrigatório no Brasil. Quem não for, paga uma multa que custa menos que um cafezinho. Será que as pessoas estão tão distantes do direito da democracia neste mundo poluído de informações que estão preferindo, literalmente, pagar para não votar? Uma vez ouvi dizer que no nosso país não daria certo implantar o voto facultativo, porque a maioria das pessoas não iria. Mas alguém já parou para pensar que as pessoas não estão indo mesmo com o voto “obrigatório”? Bom, acho que se é obrigatório, então tem que ser obrigatório mesmo. Afinal, não é possível que até o suado direito de conquista da democracia esteja caindo no esquecimento.
Bom, então a vida segue. Normalmente boa e viva, afinal, ainda estamos por aqui. É bom estar de volta para sempre continuar e continuar vivendo. Agora, vou ali um pouquinho e logo volto. Estou devendo alguns passeios pendentes para a Lucha, que estava me esperando. E também estou sentindo falta de sofrer pelo meu Athletico, que também está precisando de mim e ainda promete muito sofrimento para este restinho de ano. Me ajuda aí!
