O Céu, nossa pátria!
Dom Edgar Xavier Ertl – Bispo da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
Em 3 de fevereiro de 2023, recordei com saudade e gratidão o 30º dia do falecimento do meu pai Francisco Xavier Ertl, aos 85 anos, vítima de problemas cardíacos e pulmonares. Ficou internado apenas 11 dias no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville/SC, e no dia 3 de janeiro, ao meio-dia, fez sua páscoa à “Casa de meu Pai” (João 14,20), ao Céu, nossa pátria definitiva, promessa de Jesus Cristo ressuscitado, e meu pai professou sua fé na eternidade ao longo de sua vida cristã e católica.
Algumas informações históricas
Francisco, filho primogênito de Verônica Schmitz e Germano Ertl, nasceu aos 21 de novembro de 1937, no município de Grão-Pará/SC. Em 1954 a família migrou para Enéas Marques/PR. Mais tarde, o seu Chico, como era conhecido, mudou-se para o interior de Nova Prata do Iguaçu, na Comunidade Nossa Senhora dos Navegantes e posteriormente para a Comunidade Santa Luzia. No dia 20 de novembro de 1965, casou-se com Valéria Longen e deste matrimônio nasceram cinco filhos: Edgar, Edilson, Eraide, Edélcio e Edivar. Dos filhos e da filha nasceram 6 netas e 2 bisnetos. Em 1989 meus pais migraram ao município de Boa Esperança do Iguaçu/PR, por pouco tempo, porém. Em 1993 foram para Joinville/SC, onde já residiam os dois filhos mais novos.
Seu Francisco sempre foi um homem de fé e envolvido com a sua comunidade católica. Em tempos passados foi chamado de “capelão”, recitando o Santo Terço aos domingos. Depois atuava nas equipes de liturgia, como animador da celebração da Palavra. Sua ação deu-se também na participação das diretorias das capelas, inclusive em Joinville, na sua comunidade, Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Aventureiro.
Aqui no Paraná ele atuou no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Prata do Iguaçu, Cooperativas, a na Assessoar (Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural), e Movimentos de causas sociais, em defesa dos pequenos agricultores. Homem de uma memória e inteligência privilegiadas e que apreciava as leituras de revistas católicas, e entre elas, a Revista Rainha, dos padres palotinos, minha congregação religiosa. Nos últimos seis anos foi leitor da Revista Olhar Diocesano, nossa revista diocesana. Foi leitor assíduo do extinto Jornal Correio Riograndense. Adorava histórias, sobretudo as do Sudoeste do Paraná e Sul de Santa Catarina, seu berço de origem, e acompanhava os noticiários do rádio e TVs atentamente. Caracterizou-se por posições políticas bem definidas e consciência dos valores do Evangelho, da ética e da moral, um homem íntegro e buscador da verdade. Podemos dizer que o seu Chico foi um homem que viveu cada momento de seu tempo e as circunstâncias de cada época, também com suas preocupações acerca de questões pertinentes em áreas específicas como a família, a vida cristã-sacramental; ocupava-se de questões sociais, político-econômicas e ecológicas.
Os últimos dias entre seus filhos e esposa
A morte de meu pai deixa-nos entristecido, porém, seu Chico Ertl, recebeu de minhas mãos a Unção dos Enfermos, e enquanto esteve hospitalizado recebeu diariamente a Sagrada Eucaristia. Domingo à noite, dia 1 de janeiro de 2023, enquanto cuidava-o, me disse que estava preparado para a irmã morte, sem temor, e nada mais lhe prendia neste mundo. Pela disposição da divina providência, seus cinco filhos estávamos em férias de nossas funções naqueles dias e pudemos acompanhá-lo nos seus 11 dias de internação e amparar nossa mãe Dona Valéria, no calvário e morte de seu esposo. Sofremos com a sua partida, todavia, amparados na fé e na esperança, crendo como ele creu na Vida Eterna, seremos eternamente gratos pelo bom pai que Deus nos concedeu. Tivemos um pai muito bom! Gratidão e preces a todos pelas condolências e solidariedade cristãs que recebemos de tantas pessoas da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão nos dias de hospitalização, morte e sepultamento de Chico Ertl. Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno. E brilhe para ele a vossa luz. Descanse em paz. Amém.