O inverno e os animais de estimação
(Claudemir M Moreira)
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Com a chegada do inverno, cada espécie enfrenta os desafios naturais para sua sobrevivência e, assim, o frio passa a ser um fator importante para a seleção natural e, obviamente, os índices de mortalidade aumentam, na vida selvagem, mesmo tendo, estes, passado por um longo período de adaptabilidade ao meio.
O processo de domesticação de algumas espécies melhorou muito essa relação, nas diversas intempéries, trazendo melhor qualidade de vida para estes animais; no entanto, o melhoramento genético, na busca de melhores características de produtividade ou de alguns traços ou características desejáveis para cada tipo de trabalho (caça, guarda, pastoreio, tração, etc.) ou mesmo companhia, tornaram algumas raças mais fragilizadas ou susceptíveis para algumas doenças. É claro que também se tem o contrário, ou seja, animais desenvolvidos para serem mais resistentes a baixas temperaturas e suportarem melhor a passagem do inverno.
Em cães, além das doenças respiratórias, gripes e resfriados, outras doenças, cujos agentes causadores se aproveitam deste momento de maior vulnerabilidade, tornam-se mais comuns no inverno.
A Traqueobronquite Infecciosa canina, mais conhecida como Tosse dos Canis ou Gripe Canina, é, realmente, a doença mais comum do inverno, seguida por Cinomose (uma das viroses mais temidas em cães), com o agravante de que seus sinais iniciais mais comuns – febre intensa, secreções nos olhos e nariz – podem ser confundidos com gripe, o que torna esta doença ainda mais preocupante.
Os casos de Artrites e Artroses e outros transtornos articulares já pré-existentes podem ser agravados, devido ao enrijecimento muscular que compromete a perfeita circulação sanguínea e oxigenação dessas áreas, fazendo com que os animais sofram ainda mais com as dores.
Em gatos, a doença mais comum é a Rinotraqueíte Infecciosa Felina (Herpesvírus Felino). Os gatos podem adquirir o vírus ainda enquanto filhotes, e podem se tornar portadores pelo resto da vida. Os sinais clínicos – espirros, secreção nasal e ocular, dificuldade respiratória, desidratação e outros – aparecem em situações de baixa imunidade e o frio é um grande agravante.
A Calicivirose Felina é outra doença muito preocupante e se confunde com a Rinotraqueíte.
Assim como ocorre com os cães, os gatos também sofrem mais em casos de doenças articulares.
Outro problema muito comum durante os dias frios é que a sensação de sede diminui, comprometendo a hidratação dos animais. Os gatos são mais propensos e podem desenvolver cálculos nas vias urinárias e ter uma perda significativa em seu desempenho metabólico, favorecendo a instalação e desenvolvimento de diversos agentes patogênicos.
Os cuidados com cães e gatos, durante o inverno, são parecidos. Manter as vacinações em dia protegem contra algumas doenças de importância neste período. O uso de roupas, cobertores, camas e outros artifícios para ajudar a manter uma temperatura mais confortável para estes animais é muito importante.
As aves, apesar de possuírem as penas – excelente proteção contra o frio – sofrem com fatores como o vento e mudanças bruscas de temperatura e umidade, o que pode causar algumas doenças como pneumonia e coriza. No inverno, geralmente, a umidade relativa do ar tende a ser baixa, aumentando os casos de irritações e infecções respiratórias. Manter as aves abrigadas, protegidas do vento ou correntes frias de ar é muito importante. O uso de capas de gaiolas é muito indicado e o mesmo vale para viveiros externos, onde o uso de algum tipo de proteção, como o uso de lonas, é extremamente importante.
Os Roedores – hamster, porquinho da índia, gerbil – ou mesmo os Lagomorfos – coelhos – também podem sofrer com o inverno e desenvolverem doenças respiratórias, como a pneumonia, com sintomas como: espirros frequentes, letargia, falta de apetite e secreções nasais e oculares. A proteção desses animais contra o frio, ventos e umidade é de extrema importância. Dependendo da espécie, uma boa camada de forração (serragem ou maravalha, papel ou outra) é o suficiente para que estes animais se protejam do frio.
O processo de hibernação pode ocorrer em alguns animais, como o Hamster Sírio, por exemplo, mas não é desejável, por isso os cuidados com a temperatura e condições de manutenção destes animais devem ser redobrados.
Os peixes, crustáceos (como os camarões e caranguejos), anfíbios (como as rãs e axolotes) e répteis (como as tartarugas, jabutis, lagartos e cobras) são animais pecilotérmicos (ou ectotérmicos), comumente chamados de animais de “sangue frio”, e, portanto, não possuem mecanismos termorreguladores, sendo extremamente dependentes da temperatura ambiente; por isso a atenção e os cuidados devem ser redobrados.
Nos peixes, muitas doenças podem surgir em decorrência à variação ou baixas de temperatura, e a morte por hipotermia é uma realidade. As tartarugas e outros répteis, devido ao baixo metabolismo durante os dias frios, param de se alimentar e entram em estado de torpor (uma espécie de hibernação) o que pode levar à morte.
Para estes animais, o uso de aquecedores específicos é de extrema importância, de preferência os que possuem controle termostático (Termostatos), por serem mais precisos e reduzirem os riscos de oscilações e superaquecimento, já que estes trabalham de forma automática.
Proteja seus animais dos riscos do inverno e procure orientação veterinária imediata, em caso de qualquer suspeita ou alteração da normalidade específica de cada espécie.
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