O MASSACRE NO TEXAS
POSSE INDISCRIMINADA DE ARMAS NÃO COMBINA COM PAÍS CIVILIZADO E QUE BUSCA A PAZ E O RESPEITO A VIDA.
*Prof. Dr. Valmor Bolan
Mais uma vez o mundo ficou chocado com as cenas de crianças entre 7 e 10 anos, vítimas fatais de um atirador de 18 anos, numa escola primária do Texas. Dois professores também morreram durante o atentado. O jovem atirador foi morto por um policial. E novamente o mundo volta a debater sobre o aumento da violência, principalmente no ambiente escolar, onde as crianças deveriam estar mais protegidas. Muitos pais pedem que as escolas sejam mais fortificadas, ressalta Cheryl Lero Jonson, que vem estudando o fenômeno dos ataques em escolas, dizendo que “cada grande ataque resultou em pedidos para aumentar a segurança em suas respectivas escolas e para garantir que seus filhos não serão vítimas do próximo Columbine, Virginia Tech ou Sandy Hook”.
Muitos vêm procurando entender o fenômeno, estudos são feitos no sentido de fazer um melhor diagnóstico da situação, para que os tomadores de decisão, tanto na esfera pública, quanto privada, possam encontrar soluções efetivas para evitar ou minimizar essas ocorrências. O fato suscitou também o tema da posse de armas. Gustavo Veiga, em artigo intitulado “Massacre no Texas: os Estados Unidos ainda vivem no século XVIII”, lembra que ‘em um país como os Estados Unido, onde muitos crimes têm uma forte conotação racial, um estudo da Universidade de Rice sustenta que “as atitudes dos estadunidenses sobre a posse de armas se veem afetadas pelo gênero e raça dos possíveis proprietários de armas de fogo’. Em outras palavras, os cientistas autores do estudo Matthew Hayes, David Fortunato e Matthew Hibbing concluíram que há evidências de que os republicanos são mais propensos a defender os direitos das armas do que os democratas. Mais que estes últimos, se brancos, são muito mais propensos a apoiar o direito de uma mulher branca de possuir uma arma de fogo do que qualquer outro grupo”. O debate parece muito acirrado e não encontra consenso, num país com forte tradição de posse de armas. Mas o crescente número de massacres em escolas, tem levado a muitos refletirem sobre a eficácia da população armada, e muitos buscam melhores soluções para essa candente questão.
O papa Francisco se manifestou sobre o massacre do Texas, afirmando: “De coração partido pelo massacre da escola primária do Texas, rezo pelas crianças e adultos mortos e suas famílias. É hora de dizer ‘basta’ ao comércio indiscriminado de armas.” E acrescentou: “Vamos todos trabalhar duro para que tragédias como essa não aconteçam novamente”. Nesse sentido, tem havido empenho de muitos para aprofundar os estudos da situação, e propor alternativas que viabilizem uma segurança efetiva às nossas crianças no ambiente escolar.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.