PESADELO
(Joceane Priamo)
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No auge do desespero
Fuga, medo, terror…
O silêncio noturno
Ecoa uivado perturbador.
A lua se esconde na escuridão,
Longínquo murmúrio pávido,
Agoniza minha solidão;
As aves noturnas sussurram
O pânico sombrio, pálido.
Olhos ígneos de assassino
Inertes, me procuram.
Um grito, trêmulo, funerário,
Desprende-se como um raio.
Tornando-me estátua congelante,
Ao lado de mil fantasmas,
Palpita meu peito ofegante.
Perdida entre calafrios,
Na desgraça, no lamento,
Entre víboras e precipícios,
Na névoa do relento,
Paro diante da morte
Imóvel, perco meu norte.
Assim sou convocada:
– vem comigo, alma perturbada!
– eis aqui, a lápide que te espera,
– eis a vida que se encerra!
Entre correntes, invoco a força maior,
Levanto do buraco negro e profundo
Revestida com armadura de rigor,
Com força, grito para o mundo:
– Aqui, no jazz da sepultura,
Enterro os demônios da escuridão
Que atormentam o meu coração.
Dissipando-os no agito de meus ais
Samael, ajuda-me, defenda-me!
Liberta-me dos açoites da madrugada!
Apenas durmo e nada mais.
O jazido é despedaçado,
Desprendo-me do pesadelo amaldiçoado.
Sobressalta, dispara o meu coração,
(Re) vejo-me adormecida,
Acordada pela vida.
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