Porque o jejum intermitente não é a melhor alternativa para emagrecer
A prática do jejum é uma prática que vem sendo cada vez mais utilizada nos dias de hoje. Normalmente é levado em consideração apenas seu resultado, sem evidências científicas, gerando a impressão de que períodos prolongados sem a ingestão de alimentos causam uma “limpeza” no corpo e promovem o emagrecimento sustentável. Isso não é a realidade, mas vamos começar entendendo os argumentos que favorecem o jejum intermitente.
Alguns alegam que ele melhora a glicemia de pessoas com diabetes ou sensibilidade a insulina. A queda aguda da glicose no sangue é mesmo esperada justamente pela falta de alimentos que ofertam essa substância. Mas se o indivíduo compensar comendo mais depois, a glicemia pode ter picos nocivos. No fim, a glicemia elevada é só a mensageira que avisa que algo está errado. Baixá-la temporariamente é como fugir do carteiro para não pagar a conta de luz.
Outro ponto valorizado por quem defende o jejum intermitente é a diminuição da pressão arterial. E sim, isso também acontecerá agudamente, porque 30% da água que necessitamos vem da ingestão alimentar. Sem esse volume de líquido no corpo, a circulação sanguínea fica menos congestionada, o que faz a pressão cair. Mas, de novo, essa taxa volta a subir quando a pessoa se alimenta.
O Jejum normalmente é visto como um método de perda de peso em que você pode comer à vontade basta eleger períodos em que não vai comer nada, dentre os inúmeros protocolos.
No dia a dia, o resultado não é bem assim. O jejum representa para o organismo uma situação de risco e estresse severo. Teremos hormônios, como o cortisol, sendo liberados para nos preparar para um período de escassez. O nosso corpo funciona como uma empresa: diante da previsão de vacas magras, ele se antecipa e corta as “despesas” para preservar a sobrevivência.
Os sinais de que algo está fora do controle já aparecem nos primeiros momentos do jejum. A dor de cabeça sinaliza que o cérebro está se ressentindo da falta de seu nutriente predileto, a glicose, oriunda principalmente dos carboidratos.
Outro sinal percebido será alteração de humor, devido à restrição alimentar nosso estresse aumenta e ficamos mais mal humorados.
Ainda assim, não temos até hoje nenhuma comprovação a respeito de emagrecimento saudável e sustentável. Por enquanto, o que temos é que o jejum intermitente pode sim fazer emagrecer no curto prazo, mas com um risco de reganho de peso similar a qualquer dieta restritiva, ou seja, não é mais interessante do que as dietas da moda. Por isso, associar o jejum intermitente ao emagrecimento saudável é irresponsável e uma porta aberta a riscos de saúde e transtornos alimentares.
Mas, entre essas e outras consequências, uma das que mais preocupa é a de como o jejum intermitente transforma a nossa relação com a comida em uma luta. Se precisamos nos distanciar dos alimentos para emagrecermos e sermos “dignos”, eles não são nossos “amigos”! Esse pensamento inclusive nos aproxima dos distúrbios alimentares.
Práticas como a do jejum intermitente não se sustentam, e podem distanciar você do seu objetivo. Lembre-se de que o alimento não é o vilão da história: nós precisamos de nutrientes diariamente. Supostos atalhos na busca por uma alimentação balanceada tendem, no fim das contas, a atrasar ou sabotar nossos projetos de emagrecimento.
Parabéns pelo excelente artigo.
Informações muito importante.