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Professores destacam potencial dos festivais em Francisco Beltrão

Hoje, às 20h, acontece a Cantata dos Posseiros, no Espaço da Arte.

Da assessoria

 Profissionais de renome nacional e internacional marcam presença em Francisco Beltrão no 1º Festival de Canto Lírico, organizado pela Sonata Centro de Artes e Coperarte, através do Programa de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice). Entre eles está Adriane Queiroz, cantora lírica há 30 anos, sendo que há 25 anos mora na Europa. Há 20 anos, Adriane trabalha na Ópera Estatal de Berlim, Alemanha, como solista. Há quatro anos, ela tem vindo ao Brasil para cantar no Teatro Municipal de São Paulo. Neste ano, por exemplo, cantou no Teatro Municipal e veio diretamente para Beltrão, participar deste evento.

Adriane mora em Berlim com o marido e o filho. “Berlim é uma cidade acolhedora, porque aceita o diferente e logicamente onde está o diferente está a beleza. Nós nos sentimos muito bem. Eu me sinto muito abençoada de ter a voz como um instrumento de trabalho e instrumento de beleza, de cura e de interpretação desses gênios, que passaram por todos esses tempos e os gênios que existem hoje, da música brasileira, principalmente. Eu vejo o trabalho do Coletivo das Artes, que é maravilhoso e divulga a música brasileira.”

Antes de ser cantora lírica, Adriane trabalhou dez anos como professora de alfabetização. “Comecei bem tarde a minha caminhada como cantora, e eu só comecei por causa das crianças, porque eu trabalhava com crianças na rua e da rua, na Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem), como era chamada na época, e eu comecei a utilizar a arte como uma forma de alfabetização. Por isso, eu comecei a estudar música, mas a música me tomou pela mão e me mostrou um outro caminho, por isso eu abandonei a docência e agora estou voltando, porém na música. Estou iniciando este caminho na docência, além da performance, porque eu já trabalho com isso há 20 anos e vou continuar.”

A soprano avalia como excelente a iniciativa deste projeto. “Precisamos reunir jovens que vão levar a beleza da música, a técnica e todo esse legado secular para as pessoas que já estão começando. Como docente, a gente precisa deste tipo de projeto para incentivar as pessoas para que haja uma troca, porque assim todo mundo cresce, não só a parte docente quanto a parte discente. Acredito que o que está sendo feito aqui é uma das melhores iniciativas para esses jovens e para gente também, porque vamos semear e todo mundo sai lucrando.”

Para Adalgisa Rosa, cantora lírica, com formação na música popular, sobretudo música cristã, produtora cultural do espaço chamado Coletivo das Artes e professora da CAL (Casa das Artes Laranjeiras), no Rio de Janeiro, o trabalho que está sendo desenvolvido em Beltrão é de grande importância. “Nosso País tem dimensões continentais e pensar que só os grandes centros produzem, estamos deixando uma gama enorme de pessoas sem acesso às possibilidades de potencialização e de crescimento em suas áreas. É muito rico poder vir pra cá e rico também que este festival continua acontecendo e não ficou restrito a uma única edição, é um movimento que está em continuidade. Temos um grupo de alunos muito interessante e tenho certeza que não só os alunos vão crescer, mas nós vamos crescer, porque no momento que a gente ensina é o momento que a gente mais aprende, porque tem troca.”

“Não tem pátria um povo que não canta em sua língua”

O cantor lírico Licio Bruno teve sua formação no Rio de Janeiro, foi aluno do professor Victor Olivares, um professor chileno, que desenvolveu com ele um trabalho de técnica vocal dentro de uma escola espanhola, mais especificamente uma escola madrilenha, do maestro Macaia.

Licio tem quase 35 anos de carreira. “Em 2005, eu me tornei o primeiro e até o presente momento o único cantor baixo-barítono brasileiro que interpretou a tetralogia do Wagner completa em um papel principal, do Wotan, que é um deus, sendo um dos papéis mais longos da tetralogia wagneriana. Nenhum brasileiro tinha interpretado este papel e eu tive a oportunidade de interpretá-lo integral no Festival Amazonas de Ópera.”

Licio ganhou diversos concursos, sendo dez primeiros lugares em concursos nacionais e internacionais, e uma carreira longa em ópera. É convidado a palcos das principais orquestras do Brasil e de outras casas de ópera internacionais. “Depois do festival aqui em Francisco Beltrão, estou indo para Montevidéu, Uruguai, fazer o Castelo do Barba Azul, que é uma ópera húngara.”

Ele também venceu o Prêmio Carlos Gomes, que é a láurea maior do canto lírico nacional, concedida em 2004, pelo seu trabalho como cantor de ópera. Também recebeu a Comenda Carlos Gomes da Sociedade Brasileira de Artes e Canto e a medalha do Cinquentenário das Forças de Paz da ONU, ambos pelos serviços prestados à arte brasileira. Licio é professor de canto, recém-concursado na Faculdade de Música do Espírito Santo, como mestre de canto lírico, nomeado no início deste mês.

Desenvolver a vocação

“Estamos aqui buscando desenvolver uma vocação que o Brasil tem, que é o canto lírico, no sentido da interpretação de obras do repertório erudito, mas principalmente da nossa música brasileira e nisso eu incluo a ópera. Eu e Adalgisa somos casados e temos uma instituição em Vila Velha (ES) chamada Coletivo das Artes, que é um espaço de artes, que além de cursos de aperfeiçoamento na área de canto lírico e de pós-graduação lato sensu em canto lírico e em regência coral, também nos dedicamos à produção de ópera e temos nos dedicado fundamentalmente à produção de repertório operístico brasileiro contemporâneo.”

São autores novos, que compõem ópera brasileira, na maioria das vezes com uma temática brasileira, ou seja, desenvolvimento da cultura do canto lírico dentro da língua portuguesa. Licio cita Alberto Nepomuceno, compositor, que tinha o seguinte pensamento: “Não tem pátria um povo que não canta em sua língua”. 

“Nós estamos procurando levar isso à risca, no sentido da ópera. Não tem cultura operística um povo que não sabe apreciar a ópera em sua língua”.

Apresentações itinerantes

Anote:

Hoje, as apresentações estão previstas no Hemonúcleo (8h30), Unioeste (9h), Secretaria Municipal de Educação (10h30) e no Sesc (durante o almoço, 12h). À tarde: CRE (13h30), Hospital Regional (14h30), Hemonúcleo (15h30) e Supermercado Ítalo (16h30). À noite: Senac (19h30) e Unioeste (20h50).

Cantata dos Posseiros se insere dentro deste contexto de um repertório brasileiro cuja temática fala da história local e do seu povo.

Nesta quarta-feira (20), às 19h30, no Espaço da Arte, um quinteto de cordas e os cantores líricos estarão contando através do canto lírico o levante que aconteceu na região Sudoeste, com arranjo específico feito para este momento.

A programação prossegue até domingo com outras atrações musicais.

Legenda: Adriane Queiroz, cantora lírica há 30 anos, sendo que há 25 anos mora na Europa. Trabalha na Ópera Estatal de Berlim, como solista. Crédito – Assessoria

Licio Bruno, único cantor baixo-barítono brasileiro que interpretou a tetralogia do Wagner completa em um papel principal. Crédito: Assessoria

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