PSEUDOEMOCIONAL
(Cleusa Piovesan)
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Um poema sangra
Sob meus olhos angustiados;
As lágrimas escorrem
Tingindo de rubro a face.
Não há disfarce!
Dilacera a saudade,
A distância, o esquecimento,
Dilacera a morte do que nasceu prematuro.
Sinto-me no escuro!
A luz, a vida, a esperança,
Diluiram-se nas névoas da incerteza…
Sem clareza!
O ópio das ideias confusas
Embriaga-me.
Um poço fundo e escuro
Traga-me rumo ao desespero.
A quem apelo?
À minha lucidez
Que, na acidez da dor,
Mostra-se insana,
E profana minha mente,
Racional, apesar de…
Pseudoemocional!
E o poema brota da dor…
Surreal!
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Cleusa Piovesan – Doutoranda em Letras, Mestra em Letras, com graduação em Letras – Português/Inglês e em Pedagogia; organizadora de dois livros com alunos, e 12 obras de autoria própria; tem participação em mais de 50 antologias e coletâneas; é Acadêmica do Centro de Letras do Paraná, da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas, da Associação Brasileira de Poetas Spinaístas, e do Centro de Letras de Francisco Beltrão.
Para mim, bastava os dois primeiros versos, são espetaculares. Mas o poema todo me encantou.