Quem está no jogo?
A campanha presidencial de 2018 começa a ganhar contornos mais nítidos. Está caindo a ficha dos partidos de esquerda: Lula não será mesmo candidato. Joaquim Barbosa (PSB), que nunca escondeu sua aversão a política, desistiu de disputar a Presidência.
Petistas de alto coturno, como Jaques Wagner, já falam em público aquilo que, até aqui, nem deveria ser pensado: a foto de Lula não estará na urna este ano e é melhor o PT procurar logo uma alternativa. Se não, o PT vai se implodir no altar do lulismo, e pode virar legenda nanica.
A desistência de Joaquim Barbosa, se é lamentável por um lado, ajuda a deixar o quadro sucessório mais nítido e o eleitor menos confuso. Barbosa se recusava a dar sequer pistas sobre o que pretendia fazer na economia, ou sobre qualquer outro tema relevante. Era um fator de insegurança em um quadro político e econômico já bastante conturbado.
Os votos de Barbosa, estimados em 11%, segundo a última pesquisa presidencial disponível, a da Paraná Pesquisas, serão disputados por outros candidatos. O cenário atual, medido com o ex-ministro ainda no páreo, é o seguinte: Jair Bolsonaro (PSL), com 20,5%; Marina Silva (Rede), com 12%; Ciro Gomes (PDT), 9,7%; Geraldo Alckmin (PSDB), 8,1%; Alvaro Dias (Podemos), 5,9% e Fernando Haddad (PT), 2,7%.
O destino dos votos de Lula é outro enigma decisivo para a campanha de 2018. Se pudesse ser candidato, Lula teria, hoje – ainda segundo a Paraná Pesquisas – 27% dos votos (chegou a ter 37% em janeiro, quando estava solto e sua prisão era uma hipótese vista com muita incredulidade). Haddad, o herdeiro presuntivo de Lula, aparece com uma fração dos votos do líder: 2,7%.
Se o PT precisa desatar o nó deixado pela prisão de Lula, o ex-governador do Paraná, Alvaro Dias, do Podemos, para se tornar viável, e entrar no time dos candidatos realmente competitivos, precisa romper uma barreira: conquistar eleitores fora do Sul, onde é bem votado e atrair eleitores de outros estados e regiões.
O PSDB está, mais do que nunca, no jogo. O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin é, sem dúvida, o candidato mais experiente e estável. Propõe estimular o crescimento econômico, o emprego e a renda. Destravar a economia, desburocratizar, fazer a reforma tributária e da Previdência. Sua serenidade e firmeza podem se tornar ativos importantes em uma campanha que pode descambar para o radicalismo, de direita e de esquerda. Boa parte dos analistas o vê no segundo turno.
Quem está, de fato, no jogo sucessório depois da desistência de Barbosa? O veterano jornalista Ricardo Noblat avalia assim o quadro:
“À parte a candidatura de ficção encarcerada em Curitiba e as outras de fantasia sem chances reais de vencer, restam quatro nomes na disputa pela vaga de Michel de Temer depois da deserção de Joaquim Barbosa. A saber: Jair Bolsonaro, Marina Silva, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin.”