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Reaproveitamento e reúso de água

Por Ivonete T. T. Plein

Ao falarmos sobre a importância da água, é indispensável pensarmos as questões do desperdício, contaminação e o que cada um pode fazer pela preservação e aproveitamento. Existem muitas fontes de informação e normas para cada segmento da sociedade. O Objetivo aqui é apenas abordar o tema e relembrar a responsabilidade de cada cidadão. Cabe salientar que todo acúmulo, reservatório e reúso de água deve ser feito com responsabilidade para evitar contaminações, doenças e prejuízos ambientais/sociais.

            A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que: a)As águas residuais (inclui esgoto) de 80% da população são lançadas no meio ambiente sem serem tratadas ou reutilizadas; b)As secas pode ser a próxima pandemia; c)Quase três quartos de todos os desastres recentes estão relacionados com a água (https://sdgs.un.org/conferences/water2023). O que mostra a importância de trazer o tema ao debate e conhecimento geral, para que a população e os gestores públicos trabalhem reunidos na construção de alternativas viáveis.

“A atual crise da água e do saneamento é uma ameaça para todos, uma vez que a má gestão da água aumenta ou multiplica os riscos em todos os aspectos da vida. A pandemia da COVID-19 expôs as nossas vulnerabilidades partilhadas e recordou-nos o nosso destino comum. As populações estão crescendo, a agricultura e a indústria estão a tornar-se cada vez mais intensivas em água e as alterações climáticas estão piorando” (https://sdgs.un.org/conferences/water2023).

            Em 2023, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente destaca que “em meio à escassez do recurso, o estudo “Águas Residuais – Transformando problemas em soluções” recomenda que governos e empresas tratem as águas residuais como uma oportunidade de economia circular, em vez de um problema a ser eliminado” e “que as águas residuais podem tornar-se uma solução climática: ao gerarem biogás, calor e eletricidade. Elas têm potencial de gerar cerca de cinco vezes mais energia do que a necessária para o seu tratamento” (https://news.un.org/pt/story/2023/08/1819452).

No Brasil, alguns programas de reúso e aproveitamento de águas se mostram extremamente eficientes. O mais conhecido são as cisternas no semiárido nordestino, que garante o mínimo de água para a manutenção da vida vegetal, animal e humana em tempos de estiagem.

“O Programa Nacional de Apoio à Captação de Água de Chuva e Outras Tecnologias Sociais de Acesso à Água – Programa Cisternas – tem como finalidade promover o acesso à água para o consumo humano e animal e para a produção de alimentos, por meio de implementação de tecnologias sociais, destinado às famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água” (https://www.gov.br/pt-br/servicos/receber-tecnologia-social-de-acesso-a-agua-para-consumo-familiar).

As legislações federais e estaduais, incentivam o uso das águas pluviais nas construções públicas. Em Francisco Beltrão, cito como exemplo prédios públicos nas Universidades, construídos nos anos mais recentes. no Câmpus da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), o Engenheiro Civil Edson Vanin confirmou que foi construído, em um dos prédios, um sistema de aproveitamento de águas pluviais que são destinados ao uso em descargas sanitárias e lavação de pisos, gerando boa economia de água potável. Na UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), Lazair Antonio Santana explicou que, no Centro de Ciências da Saúde, está em fase de implantação um sistema de aproveitamento de água pluvial, com capacidade de três mil litros, com estimativa de economia de 700 a 1000 litros de água por mês, quando estiver totalmente ativo, destinados principalmente à irrigação dos jardins e lavação de calçadas.

Várias empresas de construção civil têm se empenhado em colocar sistemas de aproveitamento de águas em suas obras, visando, além da diminuição de consumo da água potável, diminuição dos gastos de manutenção, já que a economia a longo prazo é bastante lucrativa para os moradores.

Em casas que não tenham sistemas de aproveitamento de água, práticas simples podem fazer a diferença. Alguns exemplos: utilizar a água em dias de chuva para molhar plantas em áreas cobertas; reutilizar água da máquina de lavar roupas para limpeza de pisos; usar vassoura ao invés da mangueira para varrer calçadas e, em novas construções ou reformas, procurar profissionais capacitados para fazer um sistema de captação de água pluvial permanente, de acordo com as recomendações técnicas, lembrando que sistemas improvisados de armazenamento de água são perigosos.

A nível mundial a preocupação com a falta de água em algumas regiões, remonta à antiguidade. Lisa Lucero, professora de antropologia da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, destaca que “a maioria das grandes cidades Maias surgiu em áreas sem água superficial, mas com solos agrícolas férteis. Para compensar, os Maias desenvolveram um sistema de reservatórios, começando modestamente e evoluindo em complexidade ao longo do tempo. Estes reservatórios se mostraram vitais, fornecendo água potável a milhares de pessoas durante longos períodos de seca. O esplendor da arquitetura hidráulica maia não se resumiu à construção de reservatórios. Canais, represas, eclusas e bermas foram habilmente criados para direcionar, armazenar e transportar água” (https://jornaldafronteira.com.br/a-tecnica-milenar-de-povos-antigos-que-podem-resolver-problemas-hidricos-atuais-tecnologia).

A consciência ambiental e a valorização do nosso recurso hídrico é de suma importância e deve ser cada vez mais disseminada a ideia de aproveitamento e reúso (https://tratamentodeagua.com.br/artigo/quais-as-diferencas-entre-reuso-de-agua-e-aproveitamento-de-agua-das-chuvas/). Há desafios e oportunidades para pensarmos sobre a questão da água. Atitudes que são possíveis e formas melhores de viver, pensando no bem comum e no planeta Terra como morada de todos.

Nome: Ivonete T. T. Plein

Técnica em Assuntos Educacionais – UTFPR – FB

Doutoranda em Geografia – UNIOESTE – FB

E-mail: ittp20@gmail.com

Currículo: http://lattes.cnpq.br/5475663157110517