Receita para viver melhor
(Uma crônica de Cláudio Loes)
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Quando nascemos, começamos a fazer o nosso bolo; entra um ingrediente aqui e outro ali, ao longo de anos. Sempre parece que falta algo e nada de fermento, ainda.
Os anos passam na velocidade da ventania do tempo. Enquanto continuamos a mexer a massa da vida, percebemos que muitas coisas inúteis estão lá, na receita do bolo maravilhoso da nossa existência.
O que fazer?
Tirar alguns ingredientes seria como destruir o bolo; estão lá, na base de tudo. O melhor então é deixá-los grudados na bacia do esquecimento para evitar que prejudiquem o crescimento, a evolução da massa principal, da construção, por ser aquilo que se é.
E… quando se respira fundo e pensa em colocar o fermento, sentar-se para descansar e ver crescer, surge a dúvida cruel. Parar?
Agora não é mais possível parar. Ficar sentado na reta final esperando a morte ganhar a corrida é totalmente sem graça.
Quem estaria chegando antes da morte? A sabedoria… com toda sua graça, erotismo e sensualidade, para não deixar o bolo da vida desandar.
A sabedoria ensina que não dá para mexer em tudo e nem voltar atrás. É preciso decidir o que fazer, daqui para frente, para o bolo não desandar e abatumar.
O que fazer?
Deixar de lado e nunca mais ter qualquer expectativa ou ilusão sobre todo e qualquer assunto ou pessoa, sem esquecer que não se deve forçar a amizade. Afinal, misturar duas massas de bolo a essa altura dos anos vividos será cada vez mais difícil. Então, nada de forçar a amizade.
E o toque final para a receita da felicidade é não discutir com a ignorância. Ela gasta somente o nosso tempo sem dar espaço para que a evolução, tanto pessoal como em grupo, aumente. Ela só traz coisas vãs, ingredientes que não fazem a mínima diferença para um bolo melhor.
Bem… pode ser que o bolo não fique lá essas coisas, mas seguir os conselhos da sabedoria tornarão a vida melhor e muito mais prazerosa.
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