SEM INDEXAÇÃO
(Cleusa Piovesan)
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O problema da velhice não é a idade; são as dores. E saná-las tem um alto preço, e poucos podem pagá-lo. E o pior é que se acumulam uma sucessão de delas. Deve ser para a pessoa saber que ainda está viva! Aí, automaticamente, o sujeito tenta aplacá-las e percebe o “preço” da vida.
Um óculos custa quase “os olhos da cara”, uma consulta médica está “o valor de um rim”, um exame já leva um pedaço do fígado (se o álcool não o tiver comprometido), uma cirurgia faz hipotecar a casa…
E um funeral? Está, literalmente, “pela hora da morte”. Nem dá para “morrer em paz”. Ainda bem que não é o sujeito quem vai pagar… rsrsrsrsrsrs
Eu entregarei meus órgãos à doação de bom grado; coração, olhos, rins… o que der… até a pele. Não precisarei mais deles, segundo a mitologia.
Meus bens? Talvez deem para o funeral, depois de pagar o consignado (não fiz seguro rsrsrsrsrsrs).
A glória das promessas de vida eterna me consola. Dizem que lá não tem inflação, nem propina, a menos que se queira sentar “à direita de Deus”.
Onde Ele estava que não atendeu às minhas preces?
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