GeralVia Poiesis

SER “CRINGE” OU NÃO SER? EIS A QUESTÃO!

(Uma crônica de Cleusa Piovesan)

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Antes de prosseguir nesta crônica, preciso fazer um recorte temporal para que o público entenda o recorte feito, para o marketing atual de o que seria a classificação dos indivíduos, nascidos em meados do século XX até o início do século XXI, em “gerações”.

  • Geração Baby Boomers: nascidos entre 1940 e 1960 (atualmente com 60 a 80 anos)
  • Geração X: nascidos entre 1960 e 1980 (atualmente com 40 a 60 anos)
  • Geração Y (millennials): nascidos entre 1980 e 1995 (atualmente com 25 a 40 anos)
  • Geração Z: nascidos entre 1995 e 2010 (atualmente com 10 a 25 anos)
  • Geração Alpha: nascidos a partir de 2010 (atualmente com até 10 anos)

Pois bem, agora vou expor minha opinião sobre o termo que a Geração Y criou para nominar os que nasceram nas Gerações Baby Boomers e X. Como sou da Geração X, hoje sou considerada “cringe”: Lindo nome, não?  Vou abordar o “X” da questão no tocante a reflexões sobre os conflitos e diferenças intergeracionais, e em relação aos valores que cada geração agrega!

E sou Touro (signo do Zodíaco) e não sou gado nesse curralinho de mentes ralas que nem sequer têm a capacidade de politizar-se. Ao falar com os adolescentes, ouço “eu não gosto de política”. Ótimo! Serão manipulados por quem gosta, e entende muito da máquina eleitoral, e conta com o voto dos alienados para se manterem no poder. Essa geração que não “gosta”, não entende e não está nem aí para saber, ajuda a eleger os “representantes de seus direitos civis” (que na conjuntura atual, não representam o povo em nenhuma das esferas públicas).

Não adentro esse pasto, que parece verdejante, no qual só interessam as verdinhas – na mão da elite. Pobre não vai ter nem direito a pescar “garoupa”! Alguém me explica como o povo brasileiro virou “gado”, quando usaram a bandeira como tapete sintético, e usaram o nome de Deus “em vão”, em nome de um patriotismo mascarado de despotismo?

Creio que sou da “Geração Conteste”, com teste de sanidade não adulterado, como muitos de minha geração, e das gerações que me precedem. Chamam-me de “Cringe”, talvez apenas tenham errado na explanação da definição desse termo. “Vergonhoso” mesmo é ver o país sendo saqueado a cada dia, por políticos que não sabem sua real função: administrar os recursos gerados pela arrecadação de impostos (os mais altos do planeta), em prol de programas de assistência social, ou seja, o dinheiro dos impostos tem de retornar ao povo, em programas que visem o bem comum. Alguém ainda não entendeu que político não é “ídolo”, é empregado do povo; e está sendo pago (muito bem pago, diga-se) para saquear a nação e de cara limpa voltar a pedir votos na próxima eleição. Se alguém ainda tem “político de estimação” é melhor repensar seus valores. Nada vale mais do que a dignidade, a honestidade, a ética e a responsabilidade; tudo o que não vejo nos representantes do povo. E posso dizer, de cabeça erguida: eles não me representam, mas usufruem do meu suado trabalho!

E “estou”, realmente, “cringe” diante do cenário lamentável, no qual uma parcela do povo (que não tem ideologia alguma), aplaude a cada ato insano, a cada teatro encenado por determinados políticos, para espalhar sobre o palco uma cortina de fumaça, enquanto votam leis, ementas, e engambelam o povo ao velho estilo romano “pão e circo”. Ops! Só circo, porque o pão já está faltando na mesa de muitos brasileiros

Não estar no topo da onda da “galera”, das Gerações Y e Alpha, que só fala gíria, não é vergonhoso. Vergonhoso é ser de uma geração “maria mole” que tem crise de ansiedade se algum colega fala algo de que não gostou, ou se perde num jogo de Educação Física no colégio, ou ainda, se não suporta não ser classificado em um concurso que lhe cobra apenas conhecimento, advindo dos estudos, ao qual não se dedicou.

Vergonhoso é ter 15 anos e se comportar como um idiota, que demonstra racismo e chama o colega de “japa” só porque tem o olho mais puxado (nem vou abordar a questão dos afrodescendentes), que acha graça quando uma mulher é assediada por dois babacas num carro em movimento e derrubada de uma bicicleta ao sair para dar um passeio, que não sabe tratar os colegas com outro chamamento que não seja “arrombado”, “seu viado”, demonstrando claramente desrespeito e desconhecimento sobre as questões de gênero. Chamam-se de  “lesado”, de “retardado”, e por aí vai, e que não sabem pedir “com licença” nem dizer “obrigado”, “por favor”, ” me desculpe”. Vergonhoso é passar um ano e meio em ensino on-line e apenas deixar a câmera aberta e não assistir às aulas, e depender de “recuperações intermináveis” para obter uma nota que não merecem, por um conhecimento que não adquiriram.

Eu poderia elencar muito mais coisas dessas gerações, que eu chamo de “maria mole”, na minha condição de “cringe”. Gerações que não são capazes de enfrentar com brio as dificuldades da vida e afundam-se em depressão (precoce) por não estarem preparados a competir, nem a perder.

A geração que me precedeu (Baby Boomers), que já foi sinônimo de evolução, é a geração que, hoje, é considerada ultrapassada, carcomida pelo tempo, estagnada no passado, mas se esquecem que foi dessa geração que surgiram os grandes pensadores, que desenvolveram pesquisas sobre a capacidade cognitiva do ser humano, sobre os comportamentos e a influência do meio, que se empenharam em descobertas científicas que revolucionaram a ciência e a tecnologia, proporcionando maior conforto e praticidade na realização de tarefas. O que seria das gerações Y e Z se não tivessem pais e avós que ainda conservavam valores, ética, moralidade, e pensavam em construir um futuro para seus descendentes?

Posso não estar atualizada dos últimos modismos da garotada de hoje, mas respeito e educação nunca farão mal a ninguém, nem farão alguém passar vergonha por usá-los, com pessoas de todas as idades. Se ser “cringe” é ainda ter valores e ética, mesmo sendo considerada fora de moda, vou permanecer eternamente nessa moda “retrô”, que me tornou humanizada, e que, diante do caos social que observo, ainda mantenho minha capacidade de discernimento!

Eis a questão: está na hora de todos decidirem ser “cringe” ou não ser, e parar de passar “vergonha alheia”!

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