USURA
(Claudemir M Moreira)
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Da janela, o que eu via, eram cinzas
Dos meus olhos, que ardiam, ruas tão vazias
Sentimentos tão confusos, relegados
Amargura, ódio vivo, sangue e lágrimas
Vivo, mas não sinto mais meu corpo
Sigo, mas o caminho é tão torto!
Olho, mas já não vejo mais nada
Ouço, mas lamúrias insistentes, ensurdecem
Abro as portas, sempre as abro!
Ninguém adentra, ninguém percebe
Só fumaça, que invade meu silêncio
E o fogo, ao longe, é um tormento
Quando as labaredas se aproximam, mais e mais
E as cinzas cegam a transparência das janelas
A fumaça sem barreiras, entorpece
O calor e asfixia dão adeus aos meus sentidos
Caio, desfaleço, inebriado de lembrança
Desabam-se os egos sobre as brasas
Ruinas do egoísmo que me ardem, consternadas
Lado a lado, simplicidade e tamanha arrogância
Morte, cinzas e silêncio
O nada… onde o tudo era cobiça
Morte, fumaça e ruínas
O nada… o tudo é somente incoerência
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