Zoonoses: A herança cultural e os cuidados sanitários na relação com os animais
.
As doenças capazes de afetar tanto o homem quanto os outros animais e com potencial de transmissão de uma espécie para outra são denominadas Zoonoses. Para maior compreensão, consideraremos que Zoonoses sejam doenças capazes de ser transmitidas dos animais domésticos ou selvagens para os seres humanos e vice-versa. Bovinos, equinos, aves, suínos e demais animais criados para consumo humano, não só os de companhia, como cães ou gatos, podem trazer riscos à saúde humana. Todos os animais – direta ou indiretamente – podem trazer riscos de doenças aos seres humanos, seja através de seus produtos ou subprodutos para consumo (leite, ovos, carnes), seja pela contaminação ambiente (água, ar, verduras e frutas), ou por acidentes ou contato direto (mordeduras, parasitoses, arranhaduras).
Muitas doenças podem acometer o homem em seu convívio com os animais. Muitas vezes, este risco não ocorre por contato com animais domésticos e sim por convívio indesejado com pragas urbanas. O processo de urbanização, desde muito, vem trazendo de carona muitas pragas que podem representar altos riscos de contaminação e epidemias. Os ratos, principais pragas da humanidade, são, sem sombra de dúvidas, o maior risco de transmissão por convívio indesejado de todo o mundo, seguido pelos pardais e pombos.
O número de doenças – zoonoses – é assustador e os fatores de risco, muitas vezes ignorados pela população – urbana ou rural – tornam o problema ainda maior. Falar de higiene pode ser constrangedor, mas, muitas vezes, o que muitas pessoas aprenderam com a família e pessoas de seu convívio pode não estar correto e representar riscos à saúde. Aquelas velhas frases de desdém às recomendações de cunho sanitário – “Meus pais sempre fizeram desse jeito e nunca tiveram problema”; “Isso é frescura… sempre fiz do meu jeito e nunca deu nada!” – são os maiores agravantes do risco. Temos que levar em consideração que o mundo evoluiu, a população aumentou assustadoramente, o número de animais confinados também cresceu em igual ou maior proporção, as defesas naturais diminuíram e a circulação ou trânsito de animais e seus produtos, de uma região para outra, também aumentou. Tudo isso elevou muito os riscos de contaminação e transmissão de doenças. E ainda poderemos enfrentar novos riscos, com novas doenças e ameaças biológicas.
Os cuidados que devemos ter são maiores do que tinham nossos pais. Nossos desafios são outros e ainda maiores serão os de nossos filhos.
Os conceitos e hábitos que herdamos de nossos pais e avós têm que ser abandonados para dar lugar a novos hábitos de higiene e conservação e preparo de nossos alimentos.
Os animais de estimação são muito bem vindos. Ajudam-nos a contornar e suportar as pressões da vida moderna e auxiliam no desenvolvimento intelectual e social de nossos filhos. Não devemos abandonar os animais e sim aprender, cada vez mais, a conviver com a segurança e higiene necessárias para garantir os benefícios deste convívio. Antes de qualquer atitude, ouça os conselhos de um Médico Veterinário ou lojista de confiança, utilize os vermífugos e vacinas indicadas e faça uso de produtos desenvolvidos para o bem estar de ambos – homem e animal.
.
Como exemplo, podemos citar algumas das principais zoonoses da atualidade (e suas principais vias de transmissão):
Brucelose – contato direto com excreções ou secreções dos animais; consumo de leite, queijo, nata e manteiga contaminada;
Leptospirose – contato direto com urina ou animal infectado ou com solo e água contaminados. O principal transmissor é o rato;
Psitacose ou Ornitose – inalação de poeira causada por fezes ou descamação de pele e penas de aves. O principal transmissor é o pombo;
Salmonelose – ingestão de alimentos crus ou mal cozidos, contaminados;
Tétano – infecção de feridas, geralmente do tipo perfurante, em contato com solo ou objetos contaminados;
Tuberculose – ingestão de carne ou leite oriundos de animais contaminados ou inalação pelo ar contaminado;
Dermatomicose – contato com animais, pessoas, objetos ou solo contaminados ou por meio da inalação;
Doença de Chagas – contaminação por fezes do vetor (inseto Barbeiro) depositado sobre a pele durante a picada; contaminação da mucosa dos olhos, nariz ou boca; ingestão de alimentos contaminados; transfusão sanguínea;
Toxoplasmose – ingestão de frutas, legumes e verduras contaminadas por fezes de gatos infectados;
Teníase e Cisticercose – causadas pelo mesmo agente, porém em fase de desenvolvimento diferente. A Teníase, principalmente, por ingestão de carne contaminada e a Cisticercose, pela ingestão de verduras, frutas e legumes contaminados.
.