CRESCE O DEBATE SOBRE DESINFORMAÇÃO
O debate sobre a disseminação crescente de desinformação pela internet torna-se objeto de discussão entre especialistas do mundo todo, que procuram não apenas identificar as causas e a proporção do fenômeno, como também buscar meios para evitar que a internet seja propagadora de desinformação, como tem ocorrido cada vez mais, por toda a parte. Primeiro, é preciso encontrar critérios claros para a confiabilidade da informação, com fontes idôneas. Depois, como fazer para que os meios de comunicação disponíveis consigam evitar a enxurrada de fake news que se espalha, de todas as formas, alcançando todas as faixas etárias. Não se trata de uma tarefa fácil, tendo em vista a velocidade com que as fake news são produzidas e divulgadas, e o caráter instantâneo com que se propaga, rapidamente se difundindo, inclusive com traduções simultâneas, possibilitadas pelo Google tradutor, em quase todas as línguas. Também há dificuldade em se estabelecer uma legislação pertinente e adequada, pois os juristas estão lidando com uma realidade nova, cujos questionamentos são feitos com justificativas na defesa da liberdade de expressão.
Para Katya Vogt, da OnG internacional IREX (que trabalhou no projeto Learn to Discern L2D – Aprender a discernir), “informações manipuladoras – ou a notória família da desinformação (no inglês, dis-, mis– e mal-information) –, desde a ansiedade pelo ‘like’ até a propaganda computacional, ameaçam a democracia, corroem a confiança nas instituições públicas e polarizam comunidades e sociedades. Nenhum país está imune e nenhum setor é poupado. O avanço da informação digital e das mídias sociais reformulou e complicou irreversivelmente o engajamento com a informação, tendo profundas ramificações no bem-estar individual, democracia, saúde pública, crescimento econômico, paz e segurança, entretenimento, esporte, diplomacia e muito mais”. E acrescenta: “O letramento midiático moderno, que visa construir o pensamento crítico e hábitos saudáveis de engajamento com a informação, é crucial para o sucesso dos jovens. As competências necessárias para navegar e participar do ecossistema de informações de hoje devem ser tratadas como centrais no século XXI, bem como uma das soluções para combater a influência da má informação. Enquanto outras soluções, como a ampliação do volume e da ressonância do jornalismo de qualidade; dispositivos de tecnologia que monitoram, sinalizam e/ou removem conteúdo ruim; verificação de fatos, e responsabilização das plataformas ainda estão sendo discutidas e testadas, há uma necessidade urgente de esforços centrados no ser humano”. As soluções não são fáceis, diante da novidade dos desafios que foram surgindo em nosso tempo, de rápidas transformações provocadas pelos avanços da tecnologia, principalmente na área da comunicação. Mas os esforços continuam e são necessários para se encontrar alternativas que viabilizem a liberdade de expressão, com responsabilidade.
O fato é que, desde o surgimento das redes sociais, tem crescido muita desconfiança da grande mídia, acusada de manipulação, interesses corporativos, etc. O que fazer para distinguir melhor as coisas e propiciar que a verdade prevaleça? Os especialistas ainda estão em busca de respostas. Certamente esse será um tema em constante debate, pois as implicações da disseminação da desinformação têm efeitos no dia-a-dia, com o que as pessoas fazem e decidem. Esperamos que haja mais conscientização das pessoas pela busca de informações precisas, e ainda mais, pela divulgação do que realmente corresponde à verdade dos fatos.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.