Paraná: Missão na Ásia garantiu novas parcerias e deve abrir mercado aos produtos paranaenses
O Governo do Estado atuou na atração de novos investimentos para o Paraná e na liberação das exportações de carne aos países asiáticos.
AEN- A missão internacional paranaense ao Japão e à Coreia do Sul, liderada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, encerrou na última semana após uma série de encontros bilaterais para negociar a abertura do mercado da carne paranaense e também com a busca de parcerias para fortalecer a educação, projetos de sustentabilidade e a atração de novos negócios ao Estado.
A comitiva, formada também por secretários de Estado, empresários e representantes de entidades paranaenses, iniciou a viagem no dia 4 de março. No período que permaneceram na Ásia, eles cumpriram uma extensa agenda, que incluiu encontros com o vice-ministro da Agricultura, Silvicultura e Pesca do Japão, Atsushi Nonaka; com a diretoria da Kotra, agência de promoção de negócios e atração de investimentos da Coreia do Sul; com a agência que trata das questões sanitárias de alimentos na Coreia do Sul, além de promover rodadas de negócios com diversas empresas e startups dos dois países.
Além disso, o Governo do Estado também atuou na atração de novos investimentos para o Paraná, o que já foi consolidado com o anúncio da empresa japonesa Sumitomo Rubber, que vai investir R$ 1,06 bilhão para ampliar sua fábrica de pneus em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. A previsão é gerar cerca de mil empregos diretos e indiretos.
“Foi uma missão bastante profícua, que colocou o Paraná no radar dos mercados japonês e coreano para ampliação da venda dos nossos produtos, principalmente da carne suína e bovina”, afirmou Ratinho Junior. “Somos o maior produtor de proteína animal do Brasil, e com o reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação e de peste suína clássica, temos a oportunidade de acessar esse mercado que remunera melhor e é exigente com relação à qualidade sanitária dos produtos, que é que o temos no Estado”.
Ele também destacou a oportunidade de conhecer experiências bem sucedidas nos dois países em áreas como sustentabilidade e educação, que deverão ser replicadas no Paraná.
“No Japão, visitamos as Michi-no-Ekis, que são estações nas rodovias para comercializar produtos locais. O projeto deverá ser implantado no Paraná graças a uma parceria entre a Invest Paraná e o governo de Hyogo, que é estado-irmão do Paraná”, explicou. “Também fomos conhecer tecnologias utilizadas na educação da Coreia do Sul, que é considerada uma das melhores do mundo, para que também possamos trazer ao Estado”.
ABERTURA DE MERCADO
Na busca de novos mercados para a carne paranaense, a primeira agenda da comitiva foi com o vice-ministro da Agricultura, Silvicultura e Pesca do Japão, Atsushi Nonaka, no dia 7 de março. No encontro, Ratinho Junior formalizou um convite aos representantes do governo japonês para que visitem o Paraná e conheçam fábricas e frigoríficos instalados no Estado. O objetivo é dar mais agilidade ao processo de habilitação dos frigoríficos paranaenses junto ao país asiático.
O Japão já é um dos maiores mercados importadores da produção estadual de frango, e tem potencial em comprar outras proteínas animais produzidas no Paraná. Em 2022, as exportações do Estado para o país totalizaram US$ 545,3 milhões, sendo que mais metade dessa fatia vem da venda da carne de frango, que respondeu por US$ 274,5 milhões no ano passado.
A comitiva também visitou no mesmo dia a Foodex, a maior feira de alimentos e bebidas da Ásia, uma oportunidade de expandir os negócios da indústria alimentícia. Quatro empresas paranaenses estavam expondo no espaço destinado ao Brasil, que contava com a participação de 16 empresas brasileiras.
A missão também incluiu encontros com empresas japonesas, como a Sumitomo, Mitsui e Marubeni, grandes fornecedoras de alimentos no mercado asiático. Ratinho Junior apresentou o trabalho das cooperativas paranaenses e destacou as potencialidades do Estado na produção de carnes suína e bovina e na industrialização de alimentos.
Na Coreia do Sul, a pauta foi apresentada à Animal and Plant Quarantine Agency (APQA), a agência sanitária que analisa produtos de origem animal e vegetal. A convite do governador, inspetores da agência devem vir ao Paraná nos próximos meses para visitar frigoríficos e abatedouros de suínos como parte do processo de chancela do Estado para exportação ao país asiático. O Brasil já possui tratativas em nível nacional para habilitar a venda de carne suína ao mercado sul-coreano, mas o objetivo da missão paranaense é acelerar esse processo.
PROMOÇÃO DE NEGÓCIOS
Através da Invest Paraná, agência de promoção e atração de investimentos vinculada à Secretaria Estadual de Indústria, Comércio e Serviços (Seic), o Governo do Estado se reuniu com investidores e promoveu rodadas de negócios com empresas e startups dos dois países em diferentes áreas, o que culminou no investimento da Sumitomo.
Destaque principalmente para a Coreia do Sul, onde a Invest formalizou a instalação de um escritório para a captação de novos investimentos. O país será o sexto a ter uma representação comercial paranaense no Exterior. O escritório, localizado na capital Seul, será comandado pelo executivo Eduardo Komatsu, paranaense de Foz do Iguaçu que mora há dez anos em Seul e tem larga experiência no mercado asiático.
A comitiva também esteve na sede da Kotra, a agência de comércio internacional e investimentos da Coreia do Sul, vinculada ao Ministério do Comércio, Indústria e Energia do país asiático. No órgão, sediado em Seul, os representantes do Governo do Estado e empresários participaram de uma série de reuniões, nas quais trataram de possíveis acordos de exportação e novos investimentos de empresas e startups no Paraná.
Eles também se reuniram com a diretoria do grupo Green Cross, uma das principais corporações farmacêuticas coreanas, que pretende instalar no Brasil uma planta de fabricação de testes diagnósticos e medicamentos genéricos, para atender o mercado da América do Sul. Com importantes polos farmacêuticos, o Paraná demonstrou interesse em ser o hub da Green Cross no País.
EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE
A missão internacional também buscou novas parcerias para o Paraná. Em agenda com o governador da província japonesa de Hyogo, Motohito Saitô, Ratinho Junior apresentou o programa Ganhando o Mundo, que promove o intercâmbio de estudantes da rede estadual a países estrangeiros, e as Agências Regionais para o Desenvolvimento Sustentável e Inovação (Ageuni), iniciativa das universidades estaduais paranaenses para promover o desenvolvimento regional.
Paraná e Hyogo têm há mais de 50 anos um acordo de irmandade, que se estende também a algumas cidades – Curitiba e Himeji, Londrina e Nishinomiya, Maringá e Kakogawa e Paranaguá e Awaji. Os laços de amizade permitiram diversas parcerias entre os dois estados, que podem ser fortalecidas com novas cooperações.
Na cidade de Awaji, a comitiva visitou as Michi-no-Eki (em português, estações de estrada), sistema de parada para descanso nas rodovias onde são vendidos produtos locais e fornecidas informações turísticas, fortalecendo o desenvolvimento regional com sustentabilidade.
Um projeto semelhante está para ser implantado no Paraná por meio de uma cooperação entre a Invest Paraná e o governo de Hyogo, com a participação de outras pastas estaduais. No Estado, vai receber o nome Ponto Paraná para fomentar o comércio de produtos locais sustentáveis, com a implantação prevista nas regiões turísticas do Estado.
Seguindo o modelo japonês, as estações paranaenses vão operar 24 horas, oferecendo estacionamento gratuito, pontos de descanso, sanitários, alimentação e informações turísticas da região. O foco principal, entretanto, será a comercialização de produtos locais cadastrados no programa Vocações Regionais Sustentáveis (VRS).
Outra agenda no país foi com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), que já tem um histórico de parcerias com o Paraná. Agora, o Estado busca fortalecer a cooperação nas áreas de sustentabilidade e energias renováveis, envolvendo projetos sobre hidrogênio verde, biogás, recursos hídricos, agricultura sustentável e ações para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Já na Coreia do Sul, a comitiva pode conhecer melhor as tecnologias aplicadas em sala de aula. O País é referência na área, com o setor educacional sendo reconhecido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como um dos mais desenvolvidos do mundo.