Psicologia

A coerência na educação dos filhos

No artigo desta semana retomaremos um tema que muitas vezes já foi destaque nesta coluna: educação dos filhos. Vale lembrar que artigos não criam manuais de instruções de como você deve proceder na educação de seu filho, não existe uma compilação de regras engessadas.

Seguir sua consciência e obedecer seus valores é fundamental para que haja uma coerência na educação, criando um ambiente de confiança mútua. Os modelos trazidos da família de origem, as expectativas quanto ao filho, o estado de humor, idade, satisfação conjugal, stress econômico e a experiência dos pais, além de muitos outros fatores diferenciam o estilo de educação que será dada ao filho, por isso é preciso estar atento.

A criação dos filhos, o relacionamento entre pais e filhos e outros temas relacionados parece ser um tema inesgotável. Quanto mais se fala, mais as pessoas querem saber e mais artigos, pesquisas e livros nascem. Isso ocorre porque os pais hoje têm medo de educar seus filhos, priorizando somente seu bem-estar.

Na infância o desenvolvimento dos comportamentos adequados ou não, está diretamente ligado à educação pregada em casa e daquela que a criança observa nos pais. Os limites estabelecidos claramente nesta educação diminuem a ocorrência de comportamentos inadequados no futuro.

Como então entender como punir de forma a educar o filho?

É importante citar que a simples punição não cria um novo comportamento, pode no máximo impedir que ele ocorra por determinado tempo. Além do que, só a punição pode sim provocar reações emocionais que gerem problemas futuros: ansiedade, ter medo de tudo, apresentar pouca iniciativa, chorar por qualquer coisa, além de suportar a violência doméstica.

O diálogo é fundamental, não só com o filho, mas entre os genitores para que possam educar com unidade. Claro que não vamos pregar que uma criança de 1 ano entenderá a conseqüência de seus atos através de um longo sermão, mas a conversa já pode ser instalada como parte do comportamento punitivo a fim de que ocorra aprendizado e que num futuro próximo ela tenha maior capacidade de compreensão de seus atos e das conseqüências dos mesmos. O castigo mais eficiente é a retirada de privilégios via negociação. Os filhos precisam conviver com regras, pois a vida adulta está cheia delas.

Hora de chegar em casa, poder ou não fazer uma coisa que quer muito; tarefas, organização com seus brinquedos; os pais são responsáveis por estas decisões. Para isso é preciso confiança, ouça o que seu filho tem a dizer, mesmo que pareça inaceitável. Isso fará com que ele confie em você e conte com você quando tiver algum problema e precisar de orientação.

Com isso percebe-se que não há regra única, mas que a coerência de atos é fundamental, bem como um plano de educação bem estruturado pelo casal. Nem 8 nem 80. Se punir demais é ruim, nunca punir é igualmente prejudicial. O castigo não pode ser dado conforme o humor dos pais, ele precisa ser consistente de acordo com a conduta do filho: só prometa castigos que você conseguirá cumprir. Na hora de um escândalo no supermercado, leve-o para casa e só depois estabeleça o castigo. “Criança não nasce chata. Ela fica chata por causa dos pais. Se a criança faz birra e os pais cedem para se ver livres do escândalo, eles estão reforçando esse comportamento”, o de birra.

Muitos pais têm “preguiça de ensinar”. Parece um absurdo, mas é isso mesmo. Se você tem um trabalho importante para o dia seguinte, você o fará, mesmo que isso lhe custe horas de sono, o mesmo ocorre com reuniões importantes, nem TPM fará com que você chegue atrasada ou de mau humor. Porque não se tem o mesmo empenho quando se trata de educar os filhos?

Ter filhos é escolher ter trabalho para educar, é preciso investir e fazer esforços. Parece difícil? Sim, mas mais difícil ainda é agüentar as birras, escândalos, exigências, brigas na rua, gravidez na adolescência, uso de drogas……

Francieli Franzoni Melati

Francieli Franzoni Melati Psicóloga – CRP 08/9543 Francisco Beltrão - PR